por Roberto Santos
"Tenho 45 anos, sou professora de crianças. Porém, detesto o que faço, errei em minha profissão a ponto de nem poder ouvir falar. No entanto, não posso sair deste emprego, mas não consigo mudar também. Como lidar com esta situação de descontentamento e insatisfação?"
Resposta: Recomendo a você ler um artigo que escrevi há algum tempo na coluna Gestão Pessoal do Vya Estelar sobre "Encruzilhadas de Carreira" clique aqui.
Nele, abordo, entre outros temas, sobre situações semelhantes à sua, muito comuns infelizmente, em que se descobre ou se decide fazer algo sobre a carreira, depois de muito descontentamento e insatisfação, como você menciona. A carreira que você abraçou no passado é uma das mais belas e importantes para nossa sociedade, mas também uma das profissões de maior responsabilidade — ainda que lamentavelmente não tenha o reconhecimento financeiro proporcional.
A formação educacional e do caráter de uma criança, primariamente da família, é complementada diariamente na escola. Ela pode determinar, em grande parte, a qualidade dos cidadãos que vão conviver e liderar nossa sociedade. Por esse motivo, há que se ter professores de motivação muito altruísta, além de muita dedicação e perseverança, para lidar com as adversidades e desafios do dia a dia.
Afirmar: "Não posso sair deste emprego" é um mito
Quando você sente que não tem, ou deixou de ter, ou pior, que detesta o que faz, tem que parar de fazê-lo o mais urgentemente possível — para o seu bem e, principalmente, para as crianças a quem leciona, pois elas devem estar sofrendo em algum nível o reflexo de sua insatisfação. Existe um mito sobre "não posso sair deste emprego" — existem situações mais fáceis e mais difíceis, mas levar situações como a sua por mais 5 ou 10 ou 15 anos só irá aprofundar os danos para ambas as partes.
Vocação é um chamado
Vocação vem do latim, "vocare" ou chamado. Em algum momento de sua vida, algo dentro de você a "chamou" para seguir a carreira de professora. Se você ouviu mal na época, se aquela voz calou dentro de você, você deve procurar se ouvir atentamente de novo, para saber qual é o novo chamado e buscar uma transição gradual para essa direção.
Se for uma atividade administrativa solitária em que você não tenha contato com nenhuma criança, procure uma oportunidade na própria escola. Se é outra atividade totalmente diferente, procure cursos noturnos para se preparar e confirmar se é isso mesmo que quer, e assim por diante.
A inação é a única atitude que não resolverá sua insatisfação. A tendência em casos semelhantes é apenas de piorar, e mais sério ainda, afetando inúmeros seres inocentes, "vítimas sutis" de sua frustração. Pense nisso, por favor.