Não suporto a mãe do meu namorado

E-mail enviado por uma leitora: 

“Trabalhei com uma pessoa esposa de um político e me desentendi com ela. Ela me disse que não precisava daquele emprego e que era apenas um extra pra ela e que eu era uma coitada e que o marido dela poderia me transferir pra onde ela quisesse. Acabou que ela foi exonerada e no lugar dela ficou o seu filho. Com ele não tive problemas. Fizemos amizade e acabei me envolvendo com ele. Como se envolve com uma pessoa cuja mãe você não suporta? Precisa ser muito burra e eu fui. Fui empurrando o relacionamento com a barriga e quando decidi que acabaria, fiquei grávida. Tenho um filho de seis meses e agora sou obrigada a conviver com a família dele. Não sinto raiva dela, já perdoei, mas não gosto da sua presença e nem do seu esposo. Mas minha realidade agora é essa e sei que não posso fugir dela. Tenho convivido com eles, mas fazermos viagem juntos e algo que não consigo. Eu me sinto culpada por ter me colocado nessa situação. Fico remoendo o passado e isso está me destruindo. Eu errei ao me envolver com ele. Tantas outras pessoas por ai… por que justo ele? Não pensei no futuro. O fato de ser obrigada a viajar com eles está me maltratando. Não quero ir, mas não posso dizer não.”

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Resposta: Você relata uma polêmica muito frequente na maioria dos casamentos, que é o relacionamento com a família de origem do cônjuge. No seu caso, porém, você chega a questionar seu casamento em função da mãe do seu namorado: “como se envolver com uma pessoa cuja mãe você não suporta?”, você pergunta. Bem, se mãe do namorado fosse um motivo para desistir da escolha amorosa, certamente quase ninguém namoraria.

Parece que você está com a ideia fixa de que fez uma bobagem ao escolher essa pessoa como namorado. E fica pensando nisso o tempo todo. Aliás, o que chama atenção no seu e-mail é que você se abstém de falar do principal, que é a relação com seu namorado. Menciona apenas que quando estava para terminar o namoro engravidou e acabou não tendo opção. Bem, segundo o seu relato você não decidiu nada, o acaso decidiu por você. É real isso? Pergunte-se: tirando os pais dele, vocês ainda conseguem se entender? Existe algo nele que ainda a atrai? Ele, de alguma forma, demonstra gostar de você? Como ele trata o bebê? Sim, essas são as questões que poderiam responder se você fez ou não fez uma escolha errada; essa é a relação que importa de verdade. A presença dos pais dele na vida de vocês teria uma chance de perder a importância a partir do momento em que vocês começassem a construir uma vida a dois de verdade. E isso teria que ser decidido por vocês, através de planos, de passeios, de projetos, de bons momentos.

O que fazer em relação a ter de viajar com os pais dele?

Com relação a viagens com os pais dele… bem, já que você, por enquanto , tem que participar, porque, segundo seu relato, não tem opção, tente aproveitar o lado bom delas. Você tem um filho de seis meses, portanto acredito que durante as viagens ficará muito mais tempo cuidando da criança do que com eles, não será obrigada a participar ou ouvir conversas que não suporta. Quando o bebê estiver maior, você pode trabalhar, estudar, e até tentar ser independente financeiramente para poder escolher suas próprias viagens, seus próprios passeios, seu próprio lazer.

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Quanto a remoer o passado, tente ser lógica: não há como voltar atrás. Se você escolheu essa pessoa para ser seu namorado é porque naquele momento foi a melhor escolha que pôde fazer. Se ainda gosta dele, invista no relacionamento e aproveite os momentos a sós com ele de forma leve, divertida sem ficar preocupada com as possíveis viagens que terá que fazer com sua sogra; sem tentar interferir na relação de seu marido com os pais.



Quando um relacionamento acaba, em geral, é por culpa dos parceiros

Agora, se o amor por ele acabou, antes de mais nada, assuma. Você reparou que acaba culpando o acaso, os sogros, as viagens por tudo de ruim que acontece na sua vida? Não adianta colocar a culpa do fracasso fora do relacionamento. Quando um relacionamento acaba é por fatores relacionados aos envolvidos no relacionamento. Raramente por culpa de terceiros. Então, caso realmente não veja mais seu casamento como algo viável, tente assumir isso e prepare-se para uma separação. Tente fazer um planejamento de uma vida futura sem ele. Evite agir por impulso; veja se é possível, neste momento, viver só com seu filho e a pensão que ele lhe dará. Enfim, tome as rédeas de sua vida, mas com cautela e no momento certo.

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Onde está o seu maior sofrimento?

Talvez, seu maior sofrimento esteja ligado ao fato de sentir que não escolheu conscientemente as decisões que tomou em sua vida; deixou que o acaso e os outros falassem por você. Talvez, agora seja a hora de rever quem é você, o que pensa, o que deseja, com quem quer dividir sua vida. Pense nisso a fundo e tente fazer renascer essa pessoa que pensa, sente e decide os rumos que tomará. É o caminho para a sua liberdade e para a sua felicidade.

Atenção!

Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.