Por Anette Lewin
Depoimento de uma leitora:
“Boa noite. Sou sustentada pelo meu esposo. Sempre trabalhei, mas ele sofreu um acidente e tive que deixar de trabalhar para cuidar dele. Hoje faz dois anos que estou sem trabalhar e ele joga muito na minha cara que não tem obrigação de me sustentar e me manda embora. No momento estou sem ter para onde ir e não consigo emprego. Estou perdida.”
Resposta: Parece que você está perdida porque acreditou que o fato de cuidar de seu marido num momento de dificuldade dele, traria garantias e gratidões eternas. E não é o que está acontecendo.
Primeira lição a tirar dessa situação: em relacionamento ninguém fica eternamente ligado a ninguém por gratidão. Se você cuidou dele, fez porque achou que devia fazer. Mas para que o relacionamento prossiga de uma forma saudável, você tem que avaliar, num primeiro momento, o que vocês combinaram quando resolveram viver juntos. Os dois trabalhariam? Se sim, você deve pensar urgentemente em retomar sua posição de colaborar com as despesas de casa. Afinal, já se passaram dois anos.
Pelo que você descreve, ele está bastante agressivo com você e, praticamente está sugerindo o fim do relacionamento. É isso? E você? Quer ficar com ele? Acha que restou algo de positivo nesse relacionamento? Sim, porque parece que o problema vai além de você não estar trabalhando. Ele está te mandando embora. Apesar de você ter cuidado dele quando ele sofreu o acidente.
Será que você não vai embora só porque não tem para onde ir? Ou existe a esperança de que ele, em algum momento, caia em si e passe a tratá-la com carinho, afeto, e admiração? Não parece. O respeito não existe mais, e quando isso acontece dificilmente a relação se recupera.
Então, o que resta é você investir toda sua energia na obtenção de sua independência financeira e crescimento como pessoa. Se soube cuidar de seu marido certamente saberá cuidar de você mesma.
Nada como ser livre para poder fazer escolhas e criar vínculos amorosos saudáveis. Nos dias de hoje relacionamentos começam e terminam; ninguém mais “se torna eternamente responsável pelo que cativa” como diz a raposa do “Pequeno Príncipe”. Os vínculos só sobrevivem se forem cuidados, com reciprocidade, no dia a dia; se ambos trouxerem para o relacionamento atitudes que o faça crescer. Assim, prepare-se para ser uma pessoa autossuficiente e terá, com certeza, momentos mais felizes do que esse pelo qual está passando.
Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo e não se caracteriza como sendo um atendimento.