por Roberto Shinyashiki
O mestre indiano Osho, guru famoso por suas ideias surpreendentes, conta que, uma vez por ano, ocorria em sua cidade natal um concurso para premiar o dono da rosa mais linda. Nesse dia, a praça principal ficava lotada de flores — uma mais vibrante que a outra. Mas não tinha para ninguém: quem sempre ganhava era um militar aposentado.
Certo dia, terminada a festa, Osho seguiu o homem a fim de descobrir o segredo de sua flor. E reparou que havia um velhinho regando as plantas do jardim de sua casa. O mestre, então, perguntou o que fazia para conseguir tão bela rosa.
— Os outros deixam todos os botões crescerem e depois colhem o mais bonito. Eu faço o contrário: escolho o mais bonito e corto todos os outros. Então, a seiva que alimenta a planta não precisa se dividir — vai toda para uma única rosa.
Esse segredo funciona para o amor: você elege uma única pessoa com o qual construirá uma vida feliz. Isso é comprometimento. E funciona mais ainda na sua trajetória rumo ao topo. Francamente, está cuidando da sua atividade atual como se fosse uma rosa promissora? Ou se sente dividido entre tantas possibilidades?
Nem todos os meus colegas concordam comigo. Vejo consultores, em suas palestras, orientando os participantes a não se prenderem ao lugar em que trabalham. Baseiam-se na tese de que cavar convites é o melhor caminho para uma carreira de sucesso. Conheço executivos e profissionais liberais que saltaram de galho em galho e são bem-sucedidos. Ainda assim, não acredito que esse seja um bom conselho.
É cada vez mais frequente o desligamento de gente que nem esquentou a cadeira, mal passou de seis meses de casa. O profissional é treinado, cria expectativas na equipe e então… Na hora em que começaria a brilhar, parte para um novo desafio. Essa saída pela direita também acontece com quem abre um negócio próprio sem determinação para superar uma queda e levantar. Ao menor sinal de fracasso, desiste. Em ambos os casos, falta comprometimento. Falta aquela promessa que se faz no casamento: na alegria e na tristeza… Falta acreditar numa rosa e cuidar dela com afinco.
Não boto fé em quem muda de ideia facilmente, coleciona passagens meteóricas por empresas. Pode ser incompetente e, por isso, ninguém quer ficar com ele. Pode ser inconstante e, por isso, não para em lugar nenhum. Pode ser movido a dinheiro e, por isso, basta receber uma proposta de alguns centavos a mais para ir embora. É claro que, se você está infeliz, empatando a vida em uma organização que não se preocupa em investir na sua carreira, deve mudar. Vá para um local que valorize sua dedicação e seu talento.
Óbvio também que, se já fez de tudo para o consultório, o café ou a loja deslanchar, mas só se afunda em dívidas, deve repensar sua escolha. Agora, se sentir que ainda tem oportunidade de crescer e aparecer, resista à tentação de pular de galho em galho.
Digamos que seu relacionamento amoroso seja com uma pessoa complicada, que não o valorize. Você tenta acordá-la para (o amor, mas ela nem dá bola. Nesse caso, está certo de abrir seu coração para outro amor. Mas se vive com uma pessoa legal, que investe no relacionamento… Vai abandonar o romance a troco de quê? Nessa era em que tantos jovens apenas contam o número de bocas que beijaram na noite anterior, é preciso coragem para se comprometer. Essa superficialidade somente leva à solidão e ao desânimo.
Se for fundo na empresa em que trabalha ou no negócio próprio, amar o que faz e as pessoas que investem em você… não se arrependerá. Pode apostar: do comprometimento virão as oportunidades (ou rosas) para você ser um profissional campeão.