Por Marta Relvas
Pais e professores expressam sempre grande preocupação com a influência que as novas tecnologias de comunicação podem ter sobre o funcionamento do cérebro e sobre o desempenho neurobiológico e psicológico de crianças e adolescentes.
A evolução tecnológica é inevitável, muitos de nós vivemos a época do rádio, da TV, programas infantis, novelas, propagandas, enfim, informações que ainda fazem parte de nosso dia a dia. Novas tecnologias se somaram às mídias mais antigas, e a humanidade dispõe hoje de um acervo de possibilidades de acesso à cultura e à educação nunca antes imaginado.
E quando o assunto é neurogame, aumenta a preocupação por parte dos pais, porém, o objetivo deste jogo é potencializar os aspectos cognitivos, não estando relacionados ao entretenimento, e sim, ao processo da aprendizagem, tendo como proposta, desenvolver habilidades da memória, atenção, emoção e a melhoria da capacidade visomotora, além, da tomada de decisão e autonomia. São jogos criados para exercitar o cérebro, uma ginástica cerebral.
"Cérebro eletrônico"
Importante fundamentar que existem grupos de pesquisadores que desenvolvem e atuam com este tipo de “cérebro eletrônico”, e que alguns voluntários são convidados para interagir com estes jogos, sendo que o objetivo é monitorar as atividades cerebrais e mapeá-las por meio de imagens para possíveis reconhecimentos funcionais.
Por meio dessas ferramentas e aplicativos, áreas cerebrais podem ser estimuladas com mais intensidade, como, raciocínio lógico, velocidade motora e cognitiva. Todo nosso corpo está representado no cérebro, por meio das fibras brancas e o córtex (superfície do encéfalo) que possui os corpos celulares das células neurônios, substância cinzenta, responsável pelas funções cognitivas do cérebro.
Vale destacar que a evolução do cérebro humano, já acontece há pelo menos… 2, 8 milhões de anos, desde que o Homo habilis transformou uma pedra lascada em uma lança para caça. O nosso córtex ampliou as conectividades neurais e as possibilidades cognitivas, para o contemporâneo Homo sapiens, o homem da metacognição.
O que os neurogames modificam?
Trazendo para a atualidade, os neurogames são capazes de provocar uma modificabilidade estrutural nas redes neuronais, chamada de neuroplasticidade, podendo ser duradoura ou temporária dependendo da atividade proposta, da idade e da intensidade de horas dedicadas.
Porém, uma questão para ser repensada, é que o uso excessivo das novas tecnologias, telas, podem trazer efeitos contrários, ou seja, nocivos. Podendo, prejudicar o hipocampo que é a estrutura da memória de longo prazo, o hipotálamo que é a área do cérebro que ajusta a homeostase do corpo, e o comprometimento de outras partes cerebrais também. Estudos demonstram que ficar mais de duas horas diante de uma tela é altamente prejudicial à saúde humana, podendo provocar a ativação de áreas cerebrais relacionadas à dependência, vícios.
Então, devemos usá-los com “moderação”.