por Samanta Obadia
Questão de pele é algo muito sério!
Manchas, pintas, cores, acnes, herpes, lepra, quando é na gente, é diferente.
Olhar o próprio rosto envelhecido no espelho é uma visão particular e única. É um mapa de linhas que relatam histórias, que nem sempre queríamos marcadas.
Emoções contidas, dores compostas, horrores bloqueados, estranhas erupções, disfarçadas com corretivos, que no fim do dia devem ser retirados. E quem disse que é fácil dormir de cara limpa?
A pele é profunda e, em suas diversas camadas, esconde histórias, mascara odores e alinha intenções.
Sentir na pele é mais do que uma condição, é uma entrega. É permitir o encontro, é vivenciar o real. E é da ordem do impossível quando tentamos traduzi-la para o outro.
A pele nos denuncia, nos expõe, nos trai. Mas é ela também, que nos devolve a alegria quando em toque, promove o arrepio do encontro, a doçura do abraço. E ainda, em dança, permite o cheiro e o entrelace suave dos dedos.
Pele enruga e envelhece, pele amarela com o tempo, pele retrai e se expande, pele estria, pele enfeia. Mas pele também se refaz e embeleza. Pele rejuvenesce e encanta. Pele brilha e chama a atenção.
Não há lógica no arrepio que se sente, como não há cheiro de pele que se esqueça.
Da minha pele, só eu sei, e isso é uma questão não testada dermatologicamente.