por Regina Wielenska
Atenção, leitores! Não estou a falar de simpatia, esse conceito todos entendem sem hesitação. A bola da vez hoje é a empatia. Entre as habilidades sociais que ajudam as pessoas a interagirem uma com as outras de modo sensível, respeitoso e afetuoso temos a empatia. Ela se refere à capacidade de se colocar na posição do outro, entendendo suas necessidades, sentimentos e propósitos.
Mais do que apenas compreender, espera-se que a pessoa seja capaz de ressoar afetivamente, com sintonia fina, agindo numa direção compatível com o que pode identificar. Seria como ser capaz de sentir algo próximo ao que meu semelhante está sentindo. Pessoas empáticas costumam sentir e produzir, reciprocamente.
Claro que tudo tem limite. Um médico no pronto-socorro precisa ser capaz de ler o que o outro, seu paciente, lhe traz de conteúdo, de sofrimento e dor. Entretanto, não pode perder a objetividade, a firmeza das decisões clínicas. Se ele se desesperar com a tragédia humana e mergulhar no desespero do outro a ponto de congelar ou perder o foco, adeus sucesso!
Também não se pode ser pseudoempático, como no caso de pessoas com comportamento antissocial. Indivíduos assim manipulam os sentimentos dos outros, que conseguem interpretar com precisão, apenas para tirar benefícios para si, sem consideração alguma para o sofrimento e prejuízo que a outra pessoa, sua vítima, possa vir a enfrentar.
Escrevo esta coluna ainda em contato com a tragédia aérea que terminou com a vida de repórteres e dirigentes esportivos e quase todo o time da Chapecoense. Em meio às transmissões de TV, havia um repórter começando a árdua tarefa de falar com uma senhora, que acabara de perder o filho e participava das homenagens. Ela falou sobre sua dor imensa e, de modo surpreendente, corta a entrevista e pergunta ao repórter: “E vocês, como estão se virando? Vocês perderam tantos amigos, né? Posso abraçar você?”.
Dá para imaginar que repórter e mãe órfã de filho se conectaram na dor, num longo abraço com lágrimas e muito amor. Deve ter sido duro para o cinegrafista que registrou tão delicada interação. Essa mãe é puro amor, sua dor terrível não lhe impediu de sentir a dor do outro e de se importar genuinamente com seu bem-estar emocional.
Ninguém nasce empático, isso se constrói nas pessoas por meio de exemplos de pessoas significativas, explicações e incentivos. Quem não teve a chance de refinar essa habilidade, pode ser ajudado terapeuticamente a desenvolver essa preciosa capacidade humana, capaz de promover o entendimento recíproco, estreitar laços, reduzir conflitos e muito mais.