por Ceres Araujo
A sexualidade dos novos tempos liberais é uma sexualidade que tem manifestação muito mais livre, é mais sensualista, recreativa e lúdica. Os padrões repressores de outrora foram abandonados. Os apelos ao sexo inundam a vida cotidiana, exagerados pelas mídias.
A infância, nos dias de hoje, participa plenamente do que acontece ao seu redor e é atingida pelos apelos ao sexo. As crianças, desde idades mais precoces, absorvem informação de todas as ordens. Curiosas, emitem perguntas, fazem solicitações e dão opiniões. O tempo do filho “mudo” faz parte do passado.
Tempos hipermodernos
Nos nossos tempos chamados hipermodernos a família autoritária deu lugar a uma família afetiva, baseada na “livre-escolha” e na proteção. O filho, hoje, comunica suas preferências, exprime seus desejos e pergunta tudo o que lhe vem à mente. As perguntas muito precoces sobre sexo, a imitação de atitudes sensuais e sexuais, que assistem em todos os meios de comunicação, tendem a preocupar e a assustar os pais.
Sabemos que vivemos em uma época tão rica em informações e tão pobre em ética e, infelizmente, não há como poupar as crianças de informações de má qualidade, por mais que se tente bloqueá-las.
Se a evolução da sexualidade para uma sexualidade mais livre, mais prazerosa, trouxe ganhos para adultos e crianças, sua contra parte, a perversão e a pornografia também mostraram sua cara.
Se, na família dos novos tempos, houve um favorecimento dos vínculos da afetividade, se observou também, muitas vezes, a perda da autoridade e da sabedoria dos pais, que se revelaram, muitas vezes, incapazes de cumprir suas obrigações de proteger, educar e socializar seus filhos.
Criança precisa e gosta de limites
Criança precisa e gosta de limites, normas e regras. Eles lhe trazem segurança e proteção. Ela não nasce sabendo o que é certo e errado, o que lhe faz bem e o que lhe faz mal, pois ainda não adquiriu uma ética individual. Ela precisa ser ensinada. Tal ensinamento vai ser ministrado não apenas pelo que os pais falam, mas essencialmente pelo que mostram.
Assim, cumpre aos pais lidar com tranqüilidade com as manifestações de seus filhos a respeito de sexo. Devem ir respondendo as perguntas, na proporção adequada à curiosidade da criança, nem mais nem menos. Precisam ensinar aos filhos a diferença entre a sexualidade saudável e a sexualidade pervertida, à medida que eles vão crescendo. Podem limitar e impedir as manifestações grosseiras da sexualidade e devem reforçar as expressões criativas e adequadas.
Como e quanto os pais devem fazer isso? Os critérios para tal serão buscados dentro de si mesmos. Como lidam com sua sexualidade? Como gostam de manifestá-la, como a vivem? Sabendo que vivemos na era do sexo-prazer, devem os pais passar para seus filhos a possibilidade de considerar a sexualidade como um aspecto saudável e criativo de suas personalidades.