por Roberto Goldkorn
Relendo o excelente livro do meu "ídolo" Joseph Campbell, Todos os Nomes da Deusa, vi novamente uma série de descobertas envolvendo a ancestralidade do número 9 em culturas antigas e altamente avançadas de locais distantes uns dos outros e, portanto, com pouca possibilidade de comunicação entre si (estamos falando de tempos recuados de aproximadamente 3000 a. C.).
Vou reproduzir o texto: "… Em que período esse método de cálculo matemático foi aplicado pela primeira vez para medir os movimentos das luzes celestiais, ninguém determinou ainda. Contudo como um momento de atenção de um calculador irá demonstrar 60x60x60x2=432.000 enquanto que 60x60x60x60x2=25.902.000; sendo25.920 (reparem que todas as somas resultam em 9), o número de anos necessários na precessão dos equinócios para a conclusão de um circuito completo do zodíaco, uma vez que, como já foi comentado no exame das observações de Julius Oppert, no que se refere à relevância da soma bíblica 1.656 anos (a soma é 9 novamente) para os 432.000 de Berossos (sacerdtote e matemático Sumeriano), o avanço dos pontos equinociais ao logo do caminho zodiacal celeste se processa à medida de um grau em 72 anos (soma 9). E 360° x 72anos = 25.920 para a conclusão de um giro zodiacal, período que durante séculos foi conhecido como "Ano Platônico ou Grande Ano". Porém, 25.920 divididos por 60 = 432 (some que vai dar 9 )… um homem em perfeitas condições de saúde tem um ritmo cardíaco de aproximadamente uma pulsação por segundo, 60 pulsações por minuto, 3.600 pulsações em uma hora em 12 horas 43.200 pulsações e em 24hrs 86.400.
Portanto, nós mantemos essa medida em nossos corações, bem como em nossos relógios de pulso. Será que os antigos sumerianos, em cerca de 2500 a.C., já teriam alguma noção da relevância de seu sistema sexagesimal para a matemática de qualquer coordenação macro – micro – meso- cósmica."
Claro que a série de números que resultam na resultante 9 é muito mais extensa, e seria tedioso para você que eu a reproduzisse sua totalidade aqui. Mas quem for movido por essa curiosidade recomendo o livro do Joseph Campbell, já citado, da Editora Rosa dos Ventos.
Para a numerologia que pratico a importância única do 9 se deve ao fato dele encerrar o desfile dos números naturais – nada existe de verdade, de forma original depois do 9. Portanto o 9 está intrinsecamente associado ao fim de um caminho que começa (e recomeça) com o 1, e assim está consignado ao desenvolvimento último da espiritualidade, do desapego, da renúncia ao "falso" Ego. Senão vejamos: a qualquer número que se some ao 9 este o devolve inteiro enquanto humildemente sai de cena: 9+5=14, 1=4=5.
Por essa razão o 9 – não como número que aponta para quantidades – mas sim como "arquétipo" está relacionado à última fronteira, ao fim de ciclo e portanto à solidão.
Imagine o fim de uma festa, com as pessoas indo embora, cansadas, a música sendo silenciada, e o agrupamento humano obtido na festa se fragmentando em pequenas unidades individuais que voltam para o seu lugar de origem. Essa é a solidão do fim de ciclo – a exaustão de um modelo de um lado e a incógnita sobre o que está por vir por outro.
Pessoas com o 9 muito proeminente em suas vidas têm o traço da espiritualidade/solidão. Muitas me dizem que desde o número º da casa ou apartamento que escolhem "sem pensar" até seus números de "sorte" são 9. Na imensa maioria dos casos posso constatar algum aspecto de solidão em suas vidas, e de um modo ou de outro surgem caminhos que acabam levando (pelo amor ou pela dor) à busca da espiritualidade.
Quem tem medo do 9? Em geral mulheres que convivem com uma solidão insistente ficam apreensivas quando detecto o 9 presente em seu nome e em aspectos importantes do seu cotidiano ao longo da vida. Muitas não compreendem que esse arquétipo não lhes foi imposto como uma condenação à solidão e ao desamor, que foram elas mesmas que em determinado momento de suas vidas optaram por esse caminho de purgação e evolução.
Por causa de nosso ego imaturo, influenciável pela cultura do amor romântico, muitas vezes nos rebelamos contra esse "destino 9" cheio de vazios e aparentemente sem o elixir do amor. Mas esse inconformismo, essa revolta não vai ajudar muito a passarmos pelo túnel estreito e escuro do 9 que para muitos pode parecer um fim – a morte, mas na realidade é a passagem para a Luz, para o nascimento.
O "caminho do 9" é inevitável, tudo que começa acaba, e só o que acaba pode de alguma forma recomeçar – da Cosmologia à nossa vida pessoal, estamos todos sob a sombra universal e inefável do 9.