O amor na prática médica

A falta de amor, como princípio de adoecimento e objeto de estudo na medicina da saúde deve ser considerada com muita atenção. Seja lembrado que no Banquete (Platão) um dos convidados explicitou em sua genealogia que o amor é filho da deusa da necessidade, da penúria (Pênia – Mãe) com o deus da abundância (Pórus – Pai) e que, portanto é inclusão total desde o princípio feminino ao masculino, nada exclui.

Doenças dissolutivas

Continua após publicidade

Isso deve ser bem observado quando se estuda a fisiopatologia das doenças que podemos “ousadamente” denominar dissolutivas, que dissolvem. Sejam elas exemplificadas em duas entidades comuns no presente, os cânceres e as demências. Do ponto de vista de uma medicina viva, na qual a doença trabalha para a saúde, estas duas entidades apontam processo de capital importância. Sem buscar o porquê em si, apenas contemplando o processo destas formas de adoecimento, pode-se notar que ambas desconstroem seus portadores, uma fisicamente (grosso modo preserva a mente – processo consciente), outra mentalmente (grosso modo preserva o físico – processo inconsciente).

Tendo em vista a sapiência inerente à natureza, vale contemplar o assunto com mente aberta. Quando algo completa seu ciclo natural (morte das plantas, ciclos naturais) ou precisa dar espaço a nova construção (incorporadoras de terrenos que compram várias casas para demolir), uma transformação deve ocorrer. Claro ser fácil a observação do fenômeno nos reinos mineral, vegetal e animal, o mesmo não ocorrendo no reino humano. Nesse último caso a intimidade pessoal dificulta muito a capacidade de observar, não é mesmo?

Proponho que você considere as doenças dissolutivas como um movimento ou impulso proveniente do suprafísico (transcendente) para descristalização ou necessidade de dissolver algum padrão que o ser não conseguiu desfazer por si mesmo. Apesar de não resolver o problema em todos os casos, essa proposta consiste em um exercício de profundo valor pedagógico aos que estão próximos ao acometido, servindo inclusive de estímulo ao viver profícuo e significativo.