por Samanta Obadia
Existem momentos na vida em que o que os outros são ou fazem nos pesa demais, nos oprime. Na verdade, o que nos deixa mal é a nossa insatisfação pessoal. Mas perceber isso não é nada fácil. Depende de um longo caminho ao interior de si mesmo, que grande parte da humanidade não está disposta a percorrer. Pois é muito difícil lidar com nossos vazios e, consequentemente, com a inveja que alimentamos de quem aparenta estar mais feliz do que nós.
Estar triste, muitas vezes, nem é o maior problema. Mas suportar a alegria do outro diante da ausência da nossa é o que mais dói. Quando nossos ‘vales’ nos deixam afundar, o que devíamos buscar é a ajuda de alguém ou de algo que nos puxe pra cima.
Contraditoriamente, a maioria de nós, coloca uma música triste, busca a compulsão que nos atola no pior lugar de nós, e começa a arrastar as correntes de um passado mais feliz ou de um futuro almejado que ainda não chegou.
Abrir a janela para ver se a grama do vizinho está mais verde do que a nossa não é mais um recurso, até porque poucos de nós temos casa e jardim.
Contudo, há um simples movimento que com certeza nos deprimirá rapidamente e muito mais, nos levando ao fundo do poço: num toque, acessamos as redes sociais, onde todos são felizes, lindos, bem-sucedidos e em eventos fabulosos.
Por que a tragédia de nossas vidas é tão atraente?
Por que a tristeza e a melancolia têm poesia?
Por que nos comparamos aos outros se percebemos nossas diferenças e somos tão diversos?
Que necessidade de ser igual, de ser melhor é essa que nos remete a um lugar tão medíocre padronizado?
Por que acreditamos que temos de desejar o mesmo que os outros desejam?
A liberdade de ser o que se realmente é começa quando eu me permito pensar, perguntar, e experimentar-me antes de olhar para fora. O grande engano está em olhar para fora antes de olhar para dentro. Como disse sabiamente, William Shakespeare, “Quanto mais fecho os olhos, melhor vejo”.