por Roberto Goldkorn
Recentemente uma amiga que trabalha com terapia capilar mostrou-me a foto de uma cliente que estava fazendo tratamento de queda de cabelo severa. Na fotografia vê-se claramente uma espécie de cabeça de boneca com a boca costurada e ao lado mais esmaecida algo parecido com uma caveira. Como ela, sensitiva, desconfiava essa mulher havia sido vítima de um ataque espiritual que entre outros sintomas se manifestou na queda violenta e inexplicável de seus cabelos.
No momento que vi a foto, lembrei de todas as outras fotografias e manifestações do mundo oculto que tive a possibilidade de observar ao longo desses quase quarenta anos de trabalho e pesquisas dessa “outra realidade”. Tirando as fraudes mais grosseiras e aquelas produzidas pela nossa vontade de acreditar no mundo oculto, ainda sobra muita coisa capaz de tirar o sono dos que só acreditam no que veem.
Para algumas pessoas mais sensíveis, a realidade é tão dura, e insuportável, que elas só conseguem viver se escaparem desse confronto, e o fazem se drogando, bebendo, ou pirando. Para outras a realidade oculta, aquela dos fenômenos espirituais, dos fatos intangíveis, marginais à sua ciência que explica tudo, também é tão insuportável, que se dedicam quase que fanaticamente a negá-la, ou tentar de forma nem sempre honesta desacreditá-la.
Muitos conhecidos meus cientificistas ou religiosos (o que acaba dando no mesmo) se apegam aos seus dogmas boias de salvamento, para negar essas “crendices” que vivo comentando, o que acontecerá fatalmente quando falar da foto da boneca da boca costurada.
Compreendo que para esses espíritos mais solares aceitar tais realidades é colocar-se numa zona lunar perigosamente ameaçadora. Admitir a existência desse mundo oculto, fluidico, sem controle, coloca suas certezas em risco, e seu sono nunca mais seria o mesmo.
Como dormir tranquilo sabendo que naquele momento espectros invisíveis poderiam estar rondando a sua cama, ou tramando sua desdita?
Reconheço que é mais reconfortante acreditar que a vida se resume àquilo que as leis da física ditam, e que dois e dois sempre serão quatro.
De minha parte aprendi a conviver com a intranquilidade do cinza, das faces ocultas da lua e as bizarrices que a toda hora as infrarrealidades fazem transbordar em minha vida. Mas não sou do tipo que adora as outras realidades extraoficiais por falta de adaptação ao nosso do dia a dia, do feijão com arroz. Vivo bem entre o Einstein e o Paracelso. Se uma noite de lua cheia numa encruzilhada deserta me atrai, um domingo de sol e boas ondas em Ipanema me alegra a alma.