Por Oscar D’Ambrosio
Um dos maiores desafios de quem trabalha com arte, seja na literatura, na pintura na música ou em qualquer outra expressão, é mergulhar nos mistérios do processo criativo. Afinal, como uma ideia vai progressivamente ganhando corpo até se tornar uma obra? E como, posteriormente, se torna um sucesso, no sentido de ser compartilhada e amada por incalculáveis pessoas?
O documentário ‘Ed Sheeran: songwriter’ caminha nessa direção ao mergulhar na criação do álbum ‘Divide’ do cantor e compositor britânico. Filmado por Murray Cummings, primo do artista, o filme coloca o foco justamente na maneira como se dá a composição de diversas músicas.
O processo é mostrado desde as primeiras notas, a decisão de uma batida e a construção de uma letra até toda a caminhada que inclui os arranjos, a gravação e a masterização. É muito interessante acompanhar como cada um dos profissionais envolvidos traz a sua contribuição e como detalhes sugeridos por cada um, nas diferentes fases da jornada, colaboram para o conjunto.
Ao se ouvir uma canção pronta, poucas vezes paramos para pensar como houve palpites e escolhas durante toda a caminhada. E o mais fascinante é que para cada direção tomada outras foram descartadas. Saber ouvir diferentes opiniões, por exemplo, é fundamental, pois é da diversidade de opiniões, compartilhada de forma respeitosa, é claro, que as grandes soluções aparecem.
Como bem conta o Sheeran, compor é como abrir uma torneira enferrujada. Muita coisa, principalmente do início da carreira ou de uma ideia precisa ser descartada até que se chega às formas mais apuradas e depuradas. Assim nascem as melhores obras, aquelas em que a linguagem individual se torna coletiva. As obras-primas ganham assim a sua própria voz e contagiam multidões.
Fonte: Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.