por Tatiana Ades
Por que ter medo do parto? Eu me questiono sempre sobre esse sentimento presente em tantas mulheres.
Parece que esquecemos, que somos resultado de infindáveis partos, durante tantas linhagens, através de imensurável tempo. Cada pessoa é o resultado dessa belíssima e fascinante experiência chamada PARTO. Por que ter medo de algo que meu corpo já foi programado para fazer da maneira mais adequada possível?
Dar à luz é uma tarefa biológica. Esse privilégio cabe à mulher! Nenhum pai, por mais próximo que esteja de todo o processo da gravidez e de sua esposa na hora do parto, será capaz sequer de imaginar esse sentimento único e inesquecível que preenche a mulher na hora do parir.
Pensem numa gata parindo. Ela o faz de maneira tranquila e segura: naturalmente ela sabe o que deve fazer, passo a passo, mesmo que seja a sua primeira cria. Nós, fêmeas, já nascemos com este saber. Ele nos foi dado através de nossos gens, de nossa evolução, da construção de nossa espécie. Cada espécie sabe exatamente como se reproduzir e como agir no momento correto.
Mas falemos aqui do prazer do parto. Prazer, sim! O parto é um prazer tão grande que logo ao nascer o filhote, a mãe já quer parir de novo.
Estou me referindo à mãe que desejou esse filho, que curtiu durante toda a gestação cada mudança em seu corpo, cada sensação diferente, cada centímetro da barriga crescendo, acalentando já, internamente, a sua cria. Vocês repararam o quanto o olhar de uma gestante é feliz por estar grávida? Há na gravidez uma cumplicidade quase que erótica entre mãe e feto.
Hora do parto
Chegou a hora: o bebê está mandando sinais de que está pronto para nascer. Para uma mãe esse é o momento mais especial de sua vida: um misto de felicidade, de apreensão e também de tristeza, pois terá de abrir mão desse incrível diálogo que estabeleceu com seu filhote enquanto esse se desenvolvia no seu ventre. Uma nova fase virá.
O corpo está se abrindo. Ondas profundas o percorrem. A mãe não pode vacilar: seu bebê precisa de sua ajuda para vir sem turbulência a este mundo. Há uma sensação de paz no meio dessas poderosas sensações de amor e dor. Os gemidos da mãe são resultado de contrações, de ondas profundas, de esforços para que seu filhote encontre o caminho, escorregando pelo túnel da vida. Cada gemido reflete uma sensação expulsiva necessária para a vinda do bebê, moldando sua cabeça aos contornos da pelve materna. A mãe sabe da importância desse processo e do quanto ele tem que ser suave e cuidadoso. Paciência e amor são ingredientes indispensáveis durante esse processo.
De repente, aparece a cabeça do bebê. Esse fenômeno não se dá de forma previsível… Eclode o milagre da vida. Explode de alegria o coração da mãe. O parto é como um orgasmo. É um crescente de hormônios e de estimulação sensorial. A sensação do parto, de um filho quisto e esperado com amor, é o maior orgasmo já experimentado, o mais intenso, o mais insistente, o mais incrivelmente poderoso e persistente.
Quando a mãe sente a expulsão total do bebê, continua sentindo-se presa ao mesmo pelo cordão umbilical: é um laço eterno que, mesmo após seu corte, continuará persistindo pelo resto da vida no coração da mãe.
Parir é mágico. Parir é uma explosão de Vida. Nós, mulheres, somos abençoadas com este dom.
Não se esqueçam: gravidez e parto não são doenças, são dádivas… Mas só para quem quer ser mãe! Ser mãe é uma escolha que a mulher deve fazer, deve querer. É uma opção e não uma obrigação. Se for obrigação o orgasmo virará pesadelo.
Não se deve escolher a gravidez apenas como opção social, por pressão familiar ou matrimonial. Quem vai carregar o filho durante a gestação, é você, mãe. Quem vai parir, é você, mãe. E seu filho vai sentir os seus sentimentos. Vai saber se é bem-vindo ou não. Vai vivenciar sua vivência como mulher grávida, sentir seus anseios, suas rejeições, sua raiva ou então sua paz, sua aceitação, seu amor.
Hoje, com tantos métodos anticoncepcionais, numa civilização que oferece tantas opções de escolha, sinta-se livre e confortável para escolher seu destino e o destino de uma criança que você pode querer amando ou querer rejeitando. Cuidado mulher: a responsabilidade é sua!