Por Ana Lúcia Paiga
Durante meus quase 40 anos de profissão, fui constatando cada vez mais, a importância do acolhimento para a evolução de um processo de terapia.
Existem muitas formas de se trabalhar um trauma, uma crença, um condicionamento.
Alguns métodos são mais lentos, outros se propõem a serem mais rápidos, alguns utilizam ferramentas, outros são mais abstratos e subjetivos, outros utilizam a catarse como uma grande libertação e assim por diante.
Seja qual for a metodologia, acredito que sentir-se acolhido, aceito pelo terapeuta, é a primeira condição para a transformação de uma pessoa.
Uma relação fria (do ego Adulto), ainda que identifique claramente o problema, traga consciência do processo, ou utilize boas ferramentas, exclui o primeiro princípio de desenvolvimento saudável de uma criança, que é sentir-se amada por sua figura parental.
O terapeuta passa a ser o novo modelo de ego Pai, que atua no aspecto Protetor, cuidando, estimulando e oferecendo limites de segurança a essa Criança, que precisa se aventurar por novos caminhos.
Não se trata de “passar a mão na cabeça”, “dar razão” à pessoa, esta seria uma atitude do Salvador. Mas sim ser aquele que caminha lado a lado e acredita na capacidade de superação de seu paciente.
Em 1995, tive um problema sério de saúde e precisava fazer uma cirurgia. Fui a diversos especialistas e optei, não pelo mais tecnicamente competente ou conhecido, mas pelo que me olhou nos olhos, passou confiança, me acolheu como ser humano. Esta confiança é essencial para que a cura aconteça, para que sua mente, corpo e espírito estejam alinhados, em harmonia e toda sua energia possa ser direcionada para a mudança que você deseja em sua vida.
“Terapias de choque”, com julgamentos, punições ou radicalismos, podem trazer mudanças temporárias, pois estimulam respostas da Criança Submissa, mas o enredo não se altera – saiba mais. Você se rendeu ao medo de desagradar. Mais cedo ou mais tarde você verá sua crença determinando novamente seus comportamentos.
Pense nisso e busque relações incondicionais, onde a condução se dá através da aceitação.
Sua transformação será profunda e lhe trará liberdade para ser quem realmente é.