por Erick Itakura – psicólogo do NPPI
Os usuários descobriram, explorando a Internet, que todo e qualquer assunto pode ser procurado, pesquisado e muitas vezes vivido (dentro das limitações técnicas do virtual) dentro da grande rede. Um dos assuntos mais procurados em todos os sites de busca sempre foi o tema sexo. E dentre os vários recursos interativos utilizados, o Chat é um dos recursos que mais atrai usuários.
Navegando em um chat criado por usuários sobre profissões relacionadas ao sexo, podemos descobrir que essa ferramenta leva os usuários a viverem sentimentos que em outros ambientes (não virtuais) não se permitiriam, ou pelo menos não se arriscariam a tanto. Entre os curiosos, profissionais da noite e muitos aventureiros, as fantasias são colocadas na rede e compartilhadas por muitos.
O tema (sexo) e o ambiente (virtual) são férteis para ocultação de realidade, ou mesmo para se desconfiar de alguns dos dados observados. Porém, ao visitar com certa freqüência esses sites, o que se encontra são comunidades onde as pessoas procuram alívio para sentimentos que não são explorados no cotidiano, ou que são envolvidos por algum tipo de tabu.
Sabe-se que, desde que o mundo é mundo, as profissões relacionadas ao sexo existem, assim como culturalmente – na música ou na literatura – as concubinas, prostitutas e outras representações da figura feminina explicitamente sedutora sempre estiveram presentes. Porém nesses ambientes, a variedade que se encontra é um pouco mais ampla e o leque de exemplos se abre aos curiosos.
Questionando alguns usuários sobre as razões de procurarem esse espaço, muitos dizem ser esta a forma que encontraram para ‘extravasar’ energia, ou ‘matar a curiosidade’. Alguns até encontram nesse ambiente um meio de sobrevivência profissional e emocional. Depois de trocar algumas palavras, o que se observa entre os participantes é uma descarga muito rápida de sentimentos, afetos, emoções, etc. Alguns acreditam que depois de poucas palavras e pequenas descrições podem encontrar o depositário ideal para todas as suas fantasias latentes. Depois de duas linhas de conversa acham que estão diante de um Brad Pitt ou Angelina Jolie.
Nessas comunidades virtuais, observam-se comportamentos que também são encontrados fora da Internet: intrigas, mentiras brigas; muitas vezes essas comunidades refletem como que um espelho da sociedade, pois nada foi criado, apenas reproduzido em um outro meio.
Alguns profissionais da noite (garotos e garotas de programa) anunciam seus serviços via chat, e relatam que muitos usuários ainda procuram esse serviço para buscar sua ‘primeira noite’, sua ‘primeira escapada’, ou para tentar ver como um profissional trabalha via webcam. Outros ainda dizem que é uma fantasia que gostariam de viver, abrindo assim a possibilidade da fantasia virtual passar a ser vivida na realidade.
Mesmo sendo um ambiente propicio para a vivencia de experiências que não se atreveriam a ter no mundo real, algumas pessoas acabam ‘escorregando’, e deixando que seus sentimentos e vontades a dominem, e partem para a ‘real’. Quando uma pessoa rompe essa barreira, descobre que a atuação estava a favor de suas fantasias, e que o outro passa a ser uma ‘pessoa’, e não mais aquela figura idealizada como lhe parecia ser no chat, acabando geralmente em frustração.
Vale lembrar que, como em outros ambientes onde não se conhece muito bem as pessoas, alguns cuidados devem sempre ser tomados: a segurança deve sempre ser verificada. Como dito aqui, alguns comportamentos humanos podem trazer algum prejuízo moral ou físico. Porém, guardados os devidos cuidados, essa experiência pode ser interessante, curiosa, ou mesmo gratificante.