por Thaís Petroff
“… essa geração possui a percepção de que fazer algo que lhes traga significado tem muito mais importância do que ganhar mais ou acumular dinheiro”
Alguns valores pessoais vêm mudando com o tempo. De modo geral, o que as pessoas buscam na vida está diferente de antes. Desse modo a relação com o trabalho e a motivação com o mesmo também se tornam diferentes.
Há uns 40 anos atrás (ou até menos) o que um jovem buscava ao entrar no mercado de trabalho era estabilidade financeira em seu emprego. Tinham o sonho de construir ou comprar sua própria casa e constituir família. Essas eram as metas mais comuns procuradas por esse público nessa época. Atualmente, os jovens na casa dos vinte e poucos anos mudaram o perfil do que desejam.
Seu discurso é muito mais por fazerem algo que lhes tenha sentido e a maioria gosta e busca desafios. A questão financeira já não os segura mais em um emprego e a estabilidade financeira e de carreira já não é mais vista como algo fundamental.
Essa é a famosa geração Y que vem como uma mentalidade bastante diferente, desafiando muitos paradigmas que foram criados anteriormente.
Os atuais líderes contam de seu sofrimento em manter seu pessoal motivado e, por sua vez, esses jovens sofrem por saberem que precisam sobreviver e se sustentar mas, que só conseguem realmente se comprometer profissionalmente quando encontram algo que lhes tragam brilho aos olhos e lhes tenham sentido.
A qualidade de vida e bem-estar passarama ser algo mais importantes do que a estabilidade e segurança. Esses pontos definem muitas escolhas feitas por essas diferentes gerações. Não há certo ou errado, mas há claramente um conflito de percepções.
Atendo inúmeros adultos jovens com bons empregos mas… se questionando e sofrendo por acharem que está faltando algo ou que aquilo que fazem não preenche suas vidas ou ainda que não tem um sentido. Esse é um sofrimento real pois, para eles, a realização profissional não é medida pela sua conta bancária, mas sim pelo seu grau de satisfação com a atividade que exercem. Outro ponto de sofrimento é a relação com os pais, os quais estão pautados em outros valores e que criticam a atitude dos filhos de abrir mão da segurança que tem, para tirar um ano sabático ou viajar para o exterior para morar algum tempo; ou ainda ir trabalhar em uma ONG ainda em crescimento.
No entanto, esse é o chamado que esses jovens sentem na sua essência e negá-lo, certamente é ficar infeliz.
É necessário aceitar que essa geração possui a percepção de que fazer algo que lhes traga significado tem muito mais importância do que ganhar mais ou acumular dinheiro. Vem claramente com a sensação de que precisam mais ser do que ter. Talvez, como uma resposta ao consumismo exacerbado em que acabamos chegando, até como uma consequência para preenchermos alguns vazios. Quanto mais uma pessoa se aliena de si mesma e faz as coisas por que precisa fazer, mais vazia elas se sentirá. E se lhe for dito que para preencher esse vazio e frustrações ela terá de trabalhar muito, pois precisa comprar isso ou aquilo, ela com certeza irá fazê-lo na tentativa de aliviar seu mal-estar e poder se preencher, mesmo que isso implique em falta de tempo para viver a vida.
Temos dois “times” de trabalhadores atualmente: os que trabalham muito e buscam estabilidade e segurança e os que questionam todo o sistema de trabalho atual, querem trabalhar menos e ver sentido no que fazem.
Ambos sofrem, mas possivelmente uma geração tem a aprender com a outra e até mesmo se ajudarem em busca de uma melhor solução para ambas as partes.