Por Elisandra Villela Gasparetto Sé
As síndromes demenciais podem ser categorizadas de acordo com a localização das alterações neurológicas e suas características clínicas.
As demências subcorticais envolvem um grupo heterogêneo de doenças, entre elas a doença de Parkinson e muitas outras, como a Doença de Huntington, atrofia de múltiplos sistemas, calcificação idiopática de núcleos da base, demência vascular com acometimento de pequenos vasos, todas as formas clínicas cujo comprometimento neurológico é com predomínio das estruturas subcorticais do Sistema Nervoso Central. A forma mais recente que se inclui também nas demências subcorticais é a demência por HIV.
Neste texto a ênfase é na demência associada à doença de Parkinson, cuja prevalência varia entre 26% a 44% ocorrendo em fases mais tardias da doença, chegando a atingir cerca de 80% dos casos de Doença de Parkinson após 8 anos de evolução da doença. São escassos os estudos de prevalência para doenças degenerativas não tão frequentes como a Doença de Parkinson.
Do ponto de vista neuropatológico (Caramelli, 2007), as lesões que causam a demência subcortical ocorrem predominantemente no tronco cerebral, no tálamo, núcleos da base, podendo ter projeções para regiões frontais, acometimento do corpo estriado, tronco encefálico, a coluna lateral da medula espinhal, a substância cinzenta periquedural, o cerebelo, o córtex frontoparietal e os colículos superiores.
Enquanto na doença de Alzheimer a alteração predominante é a memória com alterações de linguagem, na demência subcortical os sintomas principais são as alterações nas habilidades visioespaciais e no desempenho de memória imediata e tardia sem pistas com evocações inconsistentes nos teses de aprendizado. Também podem apresentar as alterações de *funções executiva. A linguagem está preservada até as fases mais avançadas da doença, porém os pacientes apresentam disartria.
Com relação às alterações físicas e de funcionalidade, os sintomas são a rigidez, o tremor de repouso, alterações dos reflexos posturais, marcha e alterações psiquiátricas e depressão.
O diagnóstico é clínico realizado por meio de história clínica. Existem critérios clínicos para nortear o diagnóstico. A idade de início do quadro é geralmente no final da quinta ou sexta década de vida. E um predomínio em homens.
As demências subcorticias consistem também em grupo de doenças degenerativas que comprometem a vida autônoma do individuo causando um grande impacto na vida do paciente e do cuidador. Em muitos casos há a necessidade precoce de utilizar cadeiras de rodas e comprometimento precoce das atividades de vida diária.
É importante ressaltar que com base no diagnóstico clínico o tratamento será recomendado pelo médico de acordo com a configuração do cada caso.
Os Grupos de apoio aos cuidadores podem ajudar a família a entender o processo da doença, os sintomas e melhor se adequar à reabilitação.
É fundamental a orientação aos familiares e a todos os envolvidos com o cuidado para favorecer a qualidade no tratamento, pois o cuidado já é uma fase do tratamento.
*A função executiva (também conhecida como controle cognitivo e sistema supervisor atencional) é um termo abrangente para a gestão (regulação, controle) dos processos cognitivos, incluindo memória de trabalho, raciocínio, flexibilidade de tarefas e resolução de problemas, bem como o planejamento e execução.