“Gostaria de entender melhor o que é demissexualidade. A pessoa é ou se torna demissexual? Mulheres vinculam muito o sexo ao afeto, isso é demissexualidade? Minha mulher é assim, ela sofre de demissexulidade? Demissexualidade pode virar assexualidade? Acho que a minha mulher está ficando cada vez mais distante sexualmente…”

Resposta: Caro leitor, a demissexualidade se caracteriza pela atração sexual somente quando há uma conexão emocional, afetiva ou intelectual com a outra pessoa. A expressão sexualidade fluida tem sido utilizada para mostrar que, uma vez fluida, ela pode mudar em um momento ou outro da vida. Para além de vincular o sexo ao afeto, para os demissexuais, a atração sexual ocorre depois, e depende, da conexão emocional para que a relação aconteça.

A intimidade com a outra pessoa e o conhecimento sobre quem ela é tem grande relevância para despertar a atração sexual. Procure imaginar uma escala, na qual, de um lado se encontram as pessoas alossexuais, que são aquelas passíveis de sentirem atração sexual fácil e regularmente por outras pessoas. Do outro lado da escala temos as pessoas assexuais que são aquelas que não possuem interesse em sexo. As pessoas demissexuais, que sentem atração sexual posterior à conexão afetiva, ocupam uma categoria que fica no meio, entre a dos alossexuais e a dos assexuais.

É necessário compreender a sexualidade como um todo para respeitar a liberdade de cada um para estar no espaço que mais o represente. Além disso, não há patologia se não gera sofrimento para a pessoa.

Demissexualidade e desejo sexual

Já o nível de desejo sexual, ou frequência de relações sexuais, em um relacionamento estabelecido independe da demissexualidade. Outros fatores podem, e costumam, interferir na intimidade conjugal. Mas, sem compartilhar os sentimentos com a outra parte envolvida no relacionamento, ficam apenas inferências e suposições sobre ela.

Para um lado entender o que se passa de fato com a parceria, só ouvindo o ponto de vista dela. Esse é o passo indispensável para uma avaliação conjunta da situação atual da relação, e da disposição do casal, para criar novos arranjos para a satisfação mútua.

Atenção!
Esta resposta não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento

Margareth dos Reis

É Psicóloga Clínica, Terapeuta Sexual e de Casais no Instituto H.Ellis-SP; psicóloga no Ambulatório da Unidade de Medicina Sexual da Disciplina de Urologia da FMABC; Doutora em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; epecialista em Sexualidade pela Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana – SBRASH; autora do livro “Mulher: produto com data de validade” (ED. O Nome da Rosa) Mais informações: www.instituto-h-ellis.com.br