por Rosemeire Zago
"Minha terapeuta diz que chegou o momento de eu passar pelo processo de individuação, o qual venho adiando faz anos. Eu sei bem qual será o sentimento que terei de encarar, sei também que tenho vivido meus dias fugindo dele, pois me causa pânico e desespero. Consigo identificar este sentimento como um sentimento muito parecido com o da minha infância, pois tinha "síndrome de ansiedade da separação" e isto também ocorre com meus relacionamentos. Sinto que estou morta. Faço terapia há seis anos e meio e somente agora isto veio à tona."
Resposta: O fato de você fazer psicoterapia há seis anos e meio e só agora todos esses sentimentos terem vindo à tona é que cada um tem seu próprio tempo e que deve ser respeitado. O importante é que você está vivendo a oportunidade de se libertar dessa dor, que você diz ser conhecida. Claro que dá medo, mas siga em frente, não pare agora.
Processo de individuação
Jung chamou Processo de Individuação o pressuposto de que o homem é capaz de atingir sua totalidade, que é o tornar-se único, a realização de si mesmo, isto é, de que pode curar-se. E por qual motivo você quer continuar fugindo? Processo de individuação é algo muito sério e profundo, e mesmo quando pensamos fugir, ele acontece sem nossa permissão consciente. Dentro de você está sendo travada uma batalha, uma parte te impulsiona para se conhecer mais e se libertar do que tanto dói e outro lado sente medo.
O sentimento que você diz sentir, que é parecido com o de sua infância, na verdade é exatamente isso, é igual mesmo, e por não querer sentir a dor já conhecida é que talvez você fuja.
Você pode estar se sentindo morta, e esse sentimento pode mudar, pois na verdade está viva. Antes de procurar uma figura significativa, procure dar a si mesma esse significado. Você é importante, você é capaz de se amar, você é capaz de se curar, acredite! Continue seu processo de autoconhecimento, respeitando seu tempo, suas dores, mas acreditando que você pode superar e aprender a lidar com todos esses sentimentos.