O que é realmente a criança interior? Devemos conversar com ela?

por Rosemeire Zago

Resposta: A criança interior representa todas as nossas lembranças da infância, nossas emoções, nossos sonhos. É a fonte da criatividade, a promessa de futuro, o símbolo da transformação e crescimento. É o self real (eu real), verdadeiro. É a parte genuína que perdemos quando adultos.

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É tudo o que foi abandonado e ao mesmo tempo, é divinamente poderosa. Ela é o ser, sentir, vivenciar, viver. É pura sensibilidade. É a parte que nos falta quando nos sentimos vazios internamente. A criança interior representa a totalidade da psique.

Como podemos perceber a criança interior é uma fonte de cura, mas geralmente ela é abandonada por nossa parte adulta, que acha que sabe tudo, e a criança nada sabe. O que não é verdade. É nela que se encontra nossas lembranças mais profundas e, provavelmente, a origem de nossos maiores conflitos.

Mas é preciso que aceitemos que ela ainda existe dentro de nós, e só conseguimos isso quando paramos de fugir de todas as lembranças que ela nos traz. Por mais difícil que tenha sido a infância de uma pessoa, ainda assim ela carrega sua própria luz e beleza.

Converse com sua criança interior

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Sim, é muito importante conversar com ela. Pode ser escrevendo como se fosse ela se expressando, ou mentalmente, o que você preferir. Imagine que ela está na sua frente agora e aproveite para conhecê-la um pouco mais. Pergunte a ela as sugestões abaixo e escreva as respostas:

– Em que momento de nossas vidas posso ter perdido minha conexão com você?

– Do que você gosta?

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– Do que você não gosta?

– O que faz você sentir medo? Por quê?

– Como se sente?

– O que você precisa?

Conecte-se com sua criança interior

Outro exercício muito bom é pensar nas maneiras que poderá usar para entrar em contato com sua criança interior.

Faça uma lista com 10 maneiras de se divertir. Que tal algumas atividades bem “infantis”?

Você poderia, por exemplo, ir a um parque de diversões, no circo, desenhar com lápis de cor, enfim, escolha suas próprias brincadeiras. Feita a lista, procure se envolver em pelo menos algumas atividades toda semana.

1. Reconheça que a criança que você foi um dia permanece dentro de você. Afinal, quando amamos alguma coisa, ela tem valor para nós, e quando alguma coisa tem valor para nós passamos tempo com ela, desfrutando dela e cuidando dela.

2. Entre em contato com a sua criança interior.

3. Em estado de relaxamento em um local tranquilo, visualize seu quarto de dormir quando pequeno. Recorde o local, as cores, os objetos, o cheiro. Veja sua cama e dormindo nela, você. Aproxime-se, passe a mão nos cabelos dessa criança e acorde-a. Olhe bem em seus olhos e pergunte a ela o que mais quer e precisa. Ouça a resposta. Depois diga a ela que está a seu lado sempre e que a ama muito. Abrace-a fortemente. Permita-se sentir a emoção deste momento.

4. Quando estiver triste, abrace-se como se estivesse abraçando uma criança em seu colo. Diga palavras de tranquilidade, transmitindo-lhe muita paz e amor.

5. Ampare e apoie todos seus sentimentos, sem julgá-los.

6. Não viva segundo as regras dos outros, apenas respeite-as.

7. Compre um urso, boneca ou um cachorrinho de pelúcia e coloque em sua cama. Quando estiver triste, converse com ele, como fazem as crianças.

8. Vá ao supermercado e compre apenas aquilo que gosta. E coma, sem culpas! Mas também sem exageros.

9. Pegue uma foto sua de criança e coloque num porta-retrato. Todos os dias olhe para a foto com carinho, transmitindo-lhe amor.

10. Reserve um tempo e leve sua criança para passear, brincar, se divertir.

11. O que fazia quando criança e não faz mais? Ver pessoas queridas, brincar, fazer nada, assistir um desenho, tomar um sorvete… Por onde andam os amigos de infância? Que locais gostaria de ir?

12. Permita-se… brincar, viver, sorrir, ser feliz!!!

“Essa criança, que é a nossa própria alma, implora, por baixo do burburinho da nossa vida, muitas vezes imersa no cerne do nosso pior complexo, que digamos: “Você não está sozinha. Eu amo você.”

Indicação de filmes que enfocam o assunto sobre a criança que fomos um dia:

Duas Vidas: direção de Jon Turteltaub

Voltando a Viver: direção de Denzel Washington

Indicação bibliográfica para quem deseja se aprofundar no assunto sobre criança interior:

– ABRAMS, Jeremiah (org.). O Reencontro da Criança Interior, Cultrix
– BRASDSHAW, John. Curando a Vergonha Que Impede de Viver, Rosa dos Tempos.
– BRASDSHAW, John. Volta ao Lar, Rocco.