por Renato Miranda
No último texto (veja aqui) escrevi sobre os desafios para se chegar ao alto nível de uma atividade ou profissão.
O esporte como exemplo tem um peso considerável nesse ponto em função de sua exposição pública e repercussão midiática. Disse ainda ao finalizar o texto que embora nessa árdua trajetória, recheada de sacrifícios e certo isolamento, muitos atletas não conseguem atingir o sonho de chegar ao alto nível, mas a grande possibilidade de recompensa a usufruir pelo reto da vida era o aprendizado de saber lutar.
O que é saber lutar?
Algumas pessoas me perguntaram o que significa exatamente a expressão saber lutar, diante de um tema tão difícil, que é a escolha por um ideal de excelência.
Quem milita no treinamento esportivo sabe muito bem que muitos jovens desportistas se dedicam a essa atividade num muito duro. Essa fase de uma maneira geral corresponde à adolescência, aproximadamente entre os 12 e os 18 anos de idade.
Na adolescência, conhecida como um tempo de instabilidade física, psicológica e social há muitos conflitos e dúvidas e é quando o jovem é capaz de responder por si, definir escolhas e tomar decisões, além de assumir a própria responsabilidade.
Nesse cenário, aquele jovem que escolhe investir sua vida na tentativa de chegar ao mais alto nível do esporte, começa a vivenciar várias experiências de ordem física, social, cognitiva e emocionais que são intensas e com as mais diversas características com consequentes impactos e desenvolvimento de capacidades, como por exemplo:
– autoconfiança;
– satisfação em pertencer a um determinado grupo;
– prazer no esporte;
– melhoria nas relações com colegas no esporte;
– disciplina e capacidade de comunicação.
Porém, isso tudo é entremeado com alegrias por sucessos, tristezas em função de fracassos, saúde e desenvolvimento físico, mas acompanhado de lesões, frustrações em consequência de não ser escolhido por algum treinador ou não ser reconhecido, sentimento de recompensa e por vezes desânimo e muitas outras experiências pessoais.
Pressuposto o (a) atleta é despertado para um sentimento de independência e motivação muito importante, pois, a intensidade com que aprende a entender seus limites diante os desafios é significante.
Por outro lado, assimila naturalmente como suas atitudes estão associadas àquilo que estará por vir ou por outro lado, tudo o que vive no presente é uma consequência do que ele mesmo fez.
A prova disso está na própria disputa esportiva: se um atleta desempenha seu papel com rigor e intensidade e se sobressai é óbvio que se dedicou aos treinamentos físicos. Se o atleta quase não erra nos gestos técnicos e se sobrepõe aos adversários é sinal que treinou muito os fundamentos do jogo. Se o mesmo tem equilíbrio emocional é por que está confiante em suas tomadas de decisões e em suas habilidades mentais e físicas.
Ademais, nas mais diversas experiências emocionais, da tristeza à alegria, da frustração ao sentimento de recompensa, há um caminho árduo percorrido pelos seus próprios esforços e com eles há um amadurecimento que é notado facilmente por todos.
Assim sendo com o passar do tempo é gerado um caráter especial, com força e autoconfiança intocadas, que só aqueles que tiveram a decisão de escolher a luta pelo alto nível entendem perfeitamente que isso é consequência da palavra esforço.
O esporte passa, mas a luta para viver é permanente e a cada dia uma luta diferente!