por Dulce Magalhães
A noção de riqueza tem se modificado ao longo da história, porém o conceito permanece o mesmo.
Mais rico é aquele que possui a maior quantidade de ativos valiosos para aquela comunidade. Certamente na pré-história os mais ricos eram os mais fortes e ágeis com condições de conseguir mais caça e enfrentar melhor os desafios.
Na medida que a civilização aparece, vai se estruturando de acordo com as demandas de cada tempo. Riqueza já foi ter grandes exércitos, muitas terras, muitos vassalos, muitos súditos, ouro, fiéis, vitórias, mercado, tecnologia, conhecimento, etc.
Portanto, os ativos que compõem a riqueza variam de acordo com cada época.
E qual será o componente de riqueza no mundo contemporâneo?
Até o final do Século XX o que definia a riqueza era a quantidade de recursos valiosos, imóveis, fundos financeiros, crédito e capacidades bem desenvolvidas e apreciadas pelo mercado. Esses foram os valores desenvolvidos a partir da revolução industrial e levou milhões de pessoas à busca de acumular tais recursos. Essa busca trouxe maior mobilidade social, aprimoramento da operação industrial, facilidades domésticas com equipamentos como máquina de lavar e micro-ondas, comunicação instantânea chegando até a invenção da internet. Enfim, uma vida mais fácil e confortável para aqueles que detêm mais recursos.
Contudo, essas condições também exigiram uma dedicação. Essa, por sua vez, gerou estresse e trouxe, ao mesmo tempo, como consequência, doenças, conflitos familiares, solidão e depressão, mesmo para pessoas com muitos recursos valiosos, ou seja, mesmo para os ricos. Com isso a noção de riqueza foi se transformando de quantidade de ativos para qualidade de vida.
Mas o que é qualidade de vida?
A riqueza passa a ser a forma como se desfruta dos ativos e não de seu acúmulo, isso significa qualidade de vida, listada abaixo em sete itens.
Assim, para definir quão rico você é, responda as questões abaixo:
1. Como você divide seu tempo?
O que cabe no seu dia? Há tempo para todas as coisas importantes? Essas são questões voltadas para o foco e a metodologia que estamos adotando na prática. A riqueza é melhor definida pela estratégia escolhida para a vida e não mais pelo esforço empregado. É uma profunda mudança de paradigma e exige uma nova visão, especialmente a respeito do uso do tempo.
2. Como você se relaciona?
Aqui não se trata apenas do tempo disponível para se relacionar com as pessoas, mas da qualidade desse relacionamento. Confiança, afeto, verdade e reciprocidade são aspectos que definem a natureza dos relacionamentos e exigem autoconhecimento e disponibilidade para ouvir, compartilhar e contemplar.
3. Você gosta do que faz?
Prazer naquilo que se faz é fundamental para definir a qualidade e a conexão que temos com o trabalho. O interesse, o desenvolvimento, os resultados e as perspectivas de carreira dependem diretamente do prazer que encontramos no que fazemos.
4. Você faz o que gosta?
Não basta ter prazer naquilo que se faz, mas também é importante fazer coisas que lhe dão prazer, não só na escolha de uma carreira, mas em todas as relações de vida. Quais são seus hobbies? Que interesses mobilizam sua atenção?
5. Você se sente livre para fazer escolhas?
A liberdade de escolha é um dos fundamentos da qualidade de vida. Quanto maior a liberdade para definir entre possibilidades, maior o poder pessoal. E é dentro dessa potência que fazemos a vida. Pouca liberdade de escolha gera uma vida impotente, sem energia, sem prazer e sem vigor. Toda liberdade eqüivale a responsabilidades. Assim, tornar-se autorresponsável é tornar-se livre e, naturalmente, mais feliz.
6. Quanto tempo livre você tem e de que forma você utiliza-o?
Não apenas ser livre para usar o tempo, mas ter tempo livre é a base onde experimentamos e realizamos a vida. Qualidade de vida é estabelecida pela qualidade do tempo de forma direta e linear, não há diferença entre os dois. Ter tempo livre demonstra que a pessoa sabe desfrutar da vida e saboreia o simples fato de existir como potencialidade e experiência.
7. Qual sua visão de futuro e o que faz para realizá-la?
Ter uma perspectiva de futuro, propósitos, sonhos e aspirações é fundamental para definir o ambiente interno, o campo motivacional da vida. Também se sentir com meios e condições de realizar tais objetivos, mesmo que a longo prazo, é muito inspirador e estimulante. Assim, clareza de propósitos e ações positivas no sentido de realizá-los são ingredientes da qualidade de vida.
O maior ativo para definir riqueza na atualidade é o tempo, contudo a qualidade no uso desse recurso é que garante mesmo a melhor medida para o nível de riqueza de um indivíduo. Alguém pode possuir muitos bens e não ter nenhuma qualidade de vida e hoje seria considerado pobre e o contrário também é verdade, alguém que possui o suficiente para ter conforto e bem-estar e muito tempo qualitativo disponível é muito rico. Quão rico você é? Reflita sobre isso.