Às vezes a vida perde a leveza. Na verdade não é a vida que se torna pesada, uma vez que a vida nada mais é do que aquilo que cada um de nós cria, a partir de nossos padrões de crenças. Na verdade somos nós que a distorcemos, lhe arrancamos a beleza e a transformamos numa espécie de Frankenstein, onde cada pedaço parece artificialmente colado ao outro, numa caricatura grotesca e assustadora. É incrível a nossa capacidade de transformar beleza em feiura.
Dia após dia, cobrimos os verdes tapetes de relva verde esmeralda com a frieza do concreto aparente. Ignoramos o suave brilho de nossos próprios olhos, preocupados com as pequenas rugas que os rodeiam. Maldizemos as suaves ondas de nossos cabelos, os espremendo em pranchas quentes para que pareçam diferentes.
Dê uma chance à sua paz
Perdemos a chance de estar em paz com nossos queridos porque nos tornamos escravos do trabalho. E depois de algum tempo nos vemos em meio ao concreto, com os olhos tristes, os cabelos ressecados e absolutamente solitários.
Que cansaço acontece num momento como esse… A vida se torna seca como um deserto, e em meio a tanta secura, o peito aperta e nos sentimos esmagados por aquilo que erroneamente chamamos de vida.
Mas, se tivermos sorte, se ainda estivermos vivos, uma lágrima há de saltar de nossos olhos cansados.
Acreditem. Uma única lágrima. É tudo o que precisamos. Uma única lágrima, vinda de nossas profundezas, daquela parte de nós que nunca morre. Vinda da nossa verdade, da nossa sabedoria, do lago sagrado que repousa no centro de nosso peito. E com ela vem a matriz da vida que somos, e a possibilidade do novo, do renascimento, de uma consciência maior. Dessa única gota de vida, todo um deserto pode voltar a viver, se não tivermos perdido a sensibilidade, se não tivermos nos transformado em estátuas de sal.