Por Renato Miranda
Nas várias definições de motivação no esporte pode-se considerar que as expressões energia psicofísica, direção e intensidade permeiam todas as mais variadas ideias sobre o assunto.
Isso porque quando o atleta mobiliza, ou seja, reúne tudo o que ele tem de melhor no aspecto físico, mental e emocional, para satisfazer uma necessidade, ou orienta seu esforço intencionalmente a um objetivo, ele mesmo (o atleta!), se envolve integralmente naquilo que a fará ou possibilitará satisfazer determinada necessidade.
No entanto, para que se entenda especialmente a motivação dos atletas no esporte é fundamental que os elementos que compõem aquilo que se denominou chamar de nível de motivação seja compreendido e relativizado nas mais variadas possibilidades de prática esportiva.
Nesse sentido quatro elementos são assim discriminados:
1 – Rendimento ou desempenho
Costumo dizer para meus alunos que o destino do ser humano é aumentar seu desempenho desde o nascimento. Veja o caso singelo do nosso caminhar; em condições gerais, possivelmente você, caro leitor, nunca viu uma criança, depois que aprendeu a andar voltar a engatinhar.
Ou seja, há na natureza humana um sentido, uma força energética que sempre estará a nos impulsionar aos níveis superiores de comportamento em qualquer atividade que façamos. Portanto, o desempenho é um fator que promove nossa motivação a fim de seguir em direção a uma meta para assim evoluirmos.
Notadamente, nas mais variadas atividades humanas, em nosso caso o esporte, sempre se terá que relativizar o talento, as habilidades adquiridas, a estrutura física e psicológica do atleta, suas intenções, e limites diversos para estabelecer – através das mais diversas autoavaliações que se faz na medida em que ele amadurece, até onde ele pode investir suas energias diversas para a melhoria do desempenho. Assim sendo chegamos ao segundo elemento:
2 – Nível de conquistas individuais
A motivação se inicia e é orientada a partir de um desejo ou necessidade que surge de uma maneira ou de outra na vida dos atletas. Isso se dá com o passar do tempo e as diversas ocorrências de experiências e autoavaliações baseadas no próprio desempenho além das condições da prática esportiva. Com isso, os níveis de motivação são sustentados até certo ponto, conforme as conquistas individuais que poderão ser fatores primordiais para os níveis de motivação.
O mais importante é considerar que com o desenvolvimento do atleta, ele mesmo terá como fator de manutenção da motivação e estabelecimento de seus limites de atuação suas conquistas individuais.
Ou seja, com o tempo, o atleta “acomoda” seu nível de atuação conforme suas conquistas. Um atleta pode chegar à conclusão que o nível amador é o seu limite e assim ele poderá usufruir dos benefícios do esporte em patamares menos exigentes. Outro atleta, no entanto, terá motivos para ir adiante e se tornar um profissional.
3 – Interação entre os fatores pessoais com os ambientais
Em outras palavras é a interação da motivação intrínseca (inconsciente) com a motivação extrínseca (consciente).
Isso que dizer que o impulso (inconsciente) que nos direciona para um determinado objetivo tem sua força de motivo sustentada por uma relação conveniente com o ambiente (extrínseco).
Posto de outra forma, a energia (motivação) que impulsiona o atleta aos treinamentos e competições será mais bem sustentada se o mesmo tiver condições ótimas do ambiente que o favorecerão. Como por exemplo: orientação de alto nível através de técnicos com ótima formação profissional e pessoal, ambiente de treinamento de qualidade, confortável e seguro (piscinas, campos, ginásios etc), equipamentos para a prática esportiva de ótima qualidade, recompensas (relacionamento humano, prêmios, suporte financeiro e outros).
Em resumo, a energia pessoal mantém ou perde intensidade conforme tudo aquilo que compõe a estrutura ambiental de prática e treinamento. Assim o que se convencionou chamar de dedicação e entusiasmo é mantido por mais tempo.
4 – Prazer gerado por aquilo que se faz
Faz parte da natureza humana repetir experiências que geram prazer. Portanto, no esporte, mesmo que sua prática exija muito esforço e dedicação, é fundamental que treinamento de qualidade e as mais diversas experiências (competições viagens etc) sejam capazes de gerar prazer. Por isso, treinamento e as mais variadas possibilidades de prática devam ser apropriados e com forte característica que facilitem o envolvimento do atleta, pois, o envolvimento representa o sinal concreto do nível de motivação.
Quando o atleta está envolvido ali está uma possibilidade promissora de manutenção da motivação. E lembre-se, não é possível sentir prazer em todas as experiências esportivas, por exemplo, quando atleta joga mal ou ele se lesiona, em suposto não haverá prazer, mas é sempre oportuno ter satisfação em estar disponível para o esporte, pois a satisfação é a matéria-prima do prazer.