por Samanta Obadia
“O homem é o futuro do homem”, disse Jean-Paul Sartre, referindo-se às escolhas que fazemos ao construirmos a nós mesmos.
E o que pensaria esse filósofo sobre as gerações que educamos a partir de nossas ideias e costumes?
Se formos os frutos de nós mesmos, de nossos ideais e de nossas escolhas, também somos o resultado das escolhas que ‘fazem’ por nós, aqueles que nos educam.
Vivemos num tempo engolido por Cronos, deus da mitologia grega que não aceitava a chegada do novo, controlando a passagem do tempo, não envelhecendo ao engolir seus filhos.
Vivemos o tempo da brevidade, da vontade eterna do novo.
Somos atropelados pelos descartáveis, pelas gírias cíclicas e pela velocidade da comunicação. Perdemos-nos em um mar de informações vazias em detrimento de um conhecimento que nunca se aprofunda, porque requer o tempo que já passou, posto que o que importa é o agora.
Que tipo de sociedade está sendo construída a partir da ausência de valores morais?
Os pais e os educadores estão inseguros em suas competências, diante de tantas técnicas e diagnósticos recentes. Estratégias da mídia consumista que os soterram de novidades superficiais, com fundamentos confusos, a fim de vender novos medicamentos e terapias mágicas.
O tempo do aprendizado emotivo e intelectual não acompanha os 15 megas oferecidos pela internet. O ser humano é composto por seus instintos, por suas emoções e por seu intelecto. Não adiantará o auxílio das máquinas, nem as soluções online para provocar mudanças abruptas.
Onde estão os anciãos contadores de histórias?
Onde está a voz da experiência daqueles que viveram mais tempo?
Que não estejam escondidos atrás do botox, nem acasalados com jovens, iludidos pela felicidade travestida de beleza e juventude eternas!
Ou será que está havendo um retrocesso, uma busca ao elixir da longevidade, que dá sentido à vida humana?
Como bem disse John Locke, “Os pais perguntam-se por que os riachos são amargos, quando eles mesmos envenenaram a fonte”.
Estou sendo muito cruel?