Da Redação
Esses crimes de modo genérico são motivados pela paixão. Mas… quem ama mata ou fere o parceiro?
A psicanalista Tatiana Ades diz que a relação de poder sempre está subjacente nos crimes passionais: o medo de perder o ser amado é a principal motivação.
Mas Isso não justifica a ação, diz a psicanalista. “Toda pessoa que comete crime passional, seja na esfera física ou emocional, deve ser julgada conforme a lei. Diferentemente do crime cometido pelo psicopata (que também comete esse tipo de crime), as pessoas que matam por “amor”, sentem culpa e remorso após o ato e muitas vezes se suicidam após o ocorrido.”
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 35% das mulheres do mundo já experimentaram tanto violência física e/ou sexual partindo dos parceiros íntimos ou violência sexual de não parceiros.
E no Brasil?
O “Mapa da Violência 2013”, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), aponta que em cada dez crimes passionais divulgados, sete são protagonizados por um homem.
A Lei Maria da Penha (Lei 11.340), sancionada em 7 de agosto de 2006, completou dez anos. Ela possui mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar e garante punição mais rigorosa do agressor.
Para a presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, deputada Gorete Pereira (PR-CE), a lei trouxe resultados positivos, como a redução dos assassinatos de mulheres em decorrência da violência doméstica, mas os índices de violência ainda são grandes. Segundo o mesmo IPEA, os resultados após uma década da criação da Lei, ainda são tímidos: a taxa de homicídios reduziu apenas 10%, embora esse não seja o objetivo da Lei.
A psicanalista Tatiana Ades aponta os principais comportamentos que fomentam violência e briga entre casais:
– possessividade e não amor
– ciúme obsessivo
– possível paranoia
– impossibilidade de deixar o “ser amado” em liberdade
– raiva constante
Ades diz que muitas vezes as brigas permanecem por anos a fio, antes de algo mais sério acontecer.
“O mais importante é que o casal busque ajuda antes que algo mais trágico aconteça. A vítima deve reconhecer sinais de agressividade, explosões, paranoia e se afastar o quanto antes. Pessoas conhecidas que observam e detectam abusos, devem denunciar”, orienta a psicanalista.
Crimes passionais: casos famosos
Entre 1987 e 1995, Vera Fisher e Felipe Camargo tiveram uma relação complexa e cheia de dramas. Em uma dessas constantes brigas, o ator foi esfaqueado pela atriz e acabou com uma perfuração no abdômen. O ator, por sua vez, foi acusado de quebrar um braço da atriz. Os dois comentaram que o relacionamento era motivado por brigas e ciúme constantes.
Madonna e Sean Penn tiveram um relacionamento de quatro anos regado a brigas constantes. A separação do casal finalmente ocorreu após uma briga que durou nove horas, na qual o ator amarrou a cantora em uma cadeira e a espancou; só a liberou após o consentimento da mesma em fazer sexo com ele. Ele fugiu após o episódio e ela acabou retirando as acusações contra ele.
Sandra Mendes, ex-esposa do cantor Netinho, foi agredida pelo mesmo em 2005. A vitima relatou que após diversos desentendimentos conjugais, levou diversos socos no rosto e no corpo, imagens que fez questão de registrar. Em 2012 Sandra Mendes criou uma Ong para ajudar as mulheres vítimas de abusos e violência doméstica, chamada Mulheres Livres.
Em 2009, véspera do Grammy, Chris Brown e Rihanna, que namoravam há um ano e meio, se envolveram numa briga dentro do carro do ator. Pois ela descobriu mensagens no celular do mesmo, vindas de outras mulheres. Brown parou o carro e empurrou a cantora para fora do veículo, mas ela, presa ao cinto de segurança, conseguiu permanecer no local. Ele, então, deu diversos socos em seu rosto e bateu sua cabeça várias vezes na janela do carro. Além disso, mordeu seus lábios, orelha e tentou sufocá-la até ela perde a consciência. Ele largou-a numa rua em Los Angeles e foi embora. Ele foi sentenciado a cinco anos de liberdade condicional e serviço comunitário, além de precisar manter distancia da vítima.
O produtor musical, Phil Spector, que já trabalhou com os Beatles, atirou e matou a atriz Lana Clarkson em 2003. Ele foi condenado a 19 anos de prisão. O mais surpreendente dessa história é que ambos aviam se conhecido em uma boate há apenas duas horas antes do crime.
O ex-jogador de futebol O.J. Simpson foi acusado da morte da ex-esposa Nicole Brown e seu amigo Ron Goldman, ambos encontrados com diversas facadas. O julgamento durou quase um ano e apesar das provas concretas de DNA, ele foi inocentado das alegações do crime.