por Patrícia Gebrim
Eu já fui uma "pessoa boa". Dessas que colocam os outros em primeiro lugar, procuram agradar a todos, corresponder às expectativas.
Aprendi muito sendo essa pessoa.
Se você acha que ser bom lhe dá créditos para "pisar na bola" de vez em quando, você está muito enganado. As pessoas até podem perdoar aquela sua amiga egoísta que vive aprontando, afinal se acostumam, "é o jeito dela", dizem. Mas experimente você sair da linha, você, o certinho, o bonzinho… e comprove o que digo. Com você as pessoas serão implacáveis. Reagirão sem clemência. A sua "bondade" é uma prisão.
Outra coisa. Por mais que você se esforce, as pessoas sempre estarão insatisfeitas, sua sede de serem mimadas não tem fim e irão querer sempre mais, ao identificarem você como uma fonte de energia.
Na verdade, você se deparará com dois tipos de pessoas.
As predadoras, que enxergarão em você uma presa fácil e tentarão obter vantagens de forma absolutamente impiedosa.
E as invejosas, que acabam por sentir uma raiva dissimulada da sua suposta bondade e ficarão esperando, como abutres, que você erre ou saia da linha. Entenda, isso vai acontecer. Ninguém é perfeito. E quando acontecer, estas irão te julgar, condenar e punir, descarregando em você a frustração que sentem consigo mesmas. Dirão que você deveria ter feito isso ou aquilo, agirão como vítimas, culpabilizando você por sua própria incapacidade de amarem a si mesmas. Tentarão transformar você no monstro que não sabe amar. Não fazem por mal. São vitimas de sua própria carência.
Eu já fui uma "pessoa boa" e quer saber? Não gostei nada disso. Ser essa pessoa deixava de lado o ser boa comigo.
Se para fazer o bem a alguém você faz o mal a si mesmo, entenda, isso não é o "bem".
Hoje não sou uma "pessoa boa".
Não significa que seja má.
Sou a minha verdade.
Muitos não gostam quando nos tornamos verdadeiros, isso aprendi também.
Ser verdadeiro não significa dizer tudo o que pensamos sem sensibilidade alguma.
Significa que passamos a honrar a nós mesmos. Significa a coragem de se permitir existir.
Se alguém diz que vai deixar de amar você porque você passa a existir, se prefere uma marionete com cordas manipuláveis, alguém que possa ser controlado e agir da forma como esperam que você aja, entenda, essa pessoa nunca amou você. O que existia era uma relação de uso. Aquela pessoa usava você para ter suas próprias necessidades atendidas.
É preciso força e coragem para abandonarmos essa sufocante máscara de bonzinhos. Nos custará algumas "amizades". Nos exigirá a capacidade de nos sustentarmos em nossas pernas e acreditarmos em nós.
Seja bondoso com seu próprio ser.
Amar a si mesmo em primeiro lugar não significa dar poder ao ego e não se importar com ninguém mais. Significa dar poder à nossa alma e honrar nossas reais necessidades, respeitar nossos limites e ir na direção apontada pela luz que nos habita, mesmo que outros não concordem com ela.
Ouça. Os outros não gostarão.
Mas após a fase inicial de seleção, as pessoas que realmente gostam de você permanecerão ao seu lado.
O ar ficará mais leve de ser respirado e sua vida mais justa e respeitosa consigo mesmo. Você descobrirá o enorme poder de tratar a si mesmo com consideração e amor.
Isso muda tudo.
Eu já fui uma "pessoa boa".
Hoje já não sou.
Que alívio.