Por Oscar D'Ambrosio
Existem dias que mudam nossos destinos. Podem acontecer por uma decisão que nós mesmos tomamos ou por um acontecimento alheio à nossa vontade. É no segundo caso que se encaixa a história real de Jeff Bauman. Dia 15 de abril de 2013, quando esperava sua namorada finalizar a Maratona de Boston, teve as pernas amputadas por uma bomba.
Baseado no livro do próprio Bauman, o filme ‘O que te faz mais forte’ (‘Stronger’, – 2017) – conta o processo da dor e da recuperação de uma pessoa comum que, por uma tragédia, torna-se um ídolo nacional, um símbolo que nunca havia pensado nem ambicionado em exercer esse papel exemplar. O poder de um acontecimento transformar uma vida é mostrado, portanto, em sua potência máxima.
Ser vítima de um atentado ganha a dimensão de tornar-se o símbolo de uma nação ferida. A caminhada de Bauman para atingir novos passos físicos e existenciais adquire a dimensão de um fato público, seja pela imprensa, seja pelo próprio livro que o rapaz escreve.
A interpretação visceral e competente de Jake Gyllenhaal auxilia ainda mais a compor esse mito. E a dimensão humana muitas vezes se perde pela abordagem que enaltece o herói. A obra dirigida por David Gordon Green, portanto, traz questões essenciais para discutir o horror do terror e o poder de fatos imponderáveis alterarem nossas vidas.
Fonte: Oscar D'Ambrosio, mestre em Artes Visuais e doutor em Educação, Arte e História da Cultura