Por Oscar D’Ambrosio
‘O Retorno de Mary Poppins’ (2018) é mais que um filme. Trata-se de um poema visual. A babá que literalmente desce dos céus pela segunda vez para ajudar uma família, felizmente mostra que um raio, desta vez felizmente, pode cair duas vezes no mesmo lugar. E o cenário é a londrina casa da família Banks na Rua das Cerejeiras.
Emily Bunt defende o papel que foi em 1964 de Julie Andrews com personalidade própria e a direção de Rob Marshall acentua o clima de propagação da mensagem de que o impossível é possível e que “Nada está perdido para sempre, apenas fora de lugar”.
O conceito de que os adultos se tornam chatos porque esquecem a maravilha de ser criança e o poder da fantasia de melhorar a realidade atinge momentos de beleza na jornada dentro de uma peça de cerâmica ou na casa da prima de Mary Poppins, a carismática Maryl Streep, que conserta objetos em uma casa virada ao contrário.
O filme relembra que o mundo conhecido pode ser visto sempre sob novos olhares. E a visão da criança surge como colírio ou remédio.
Na atual atmosfera tecnicista e tecnocrata, filmes como este surgem como bálsamos para a alma e pulmões de oxigênio para não deixar que as frias planilhas corrompam nossa capacidade criativa
Fonte: Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.