O sangue e as lágrimas

Por Ricardo J.A. Leme

O sangue nasce no interior dos ossos. Algumas águas nascem do interior da terra ou do alto das montanhas. Moisés bateu duas vezes na pedra para a água sair; ouvisse bem, bateria apenas uma. Você já viu uma nascente? Você se percebe enquanto nascente?

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Assim como a água nasce do profundo da terra, as lágrimas são expressão de tudo que está empedrado no interior. Elas brotam para lavar os olhos, nossa janela. Elas vêm para que vejamos melhor. Vêm para compreendermos que há algo que não vemos bem. Vêm para que enxerguemos. Vêm para anunciar algo que endureceu no profundo do ser, e que anseia pela vida.

Antes do sangue brotar no interior dos ossos, sede de nossa dureza e resistência, é importante que a água seja extraída da fonte da rocha de nossas cristalizações.

O sangue que nasce na pessoa empedrada e emparedada, é sangue aguado, diluído. Diluído na água do lamento e, portanto, lamacenta. Da água que deveria ter brotado em algum momento, espontaneamente, como a chuva do céu; que não choveu por não ter havido leveza suficiente para que flutuasse no ar e subisse aos céus. Não houve oração (aspiração) e, portanto, foi vítima da gravidade terrestre (desespero); não subiu, se cristalizou e empedrou. A gravidade celeste evapora, eleva, enleva, aspira e faz chover.

A água que não evapora aos céus se torna desespero; as águas que o fazem, esperança, porque chovem e agraciam a terra. Que nossas águas chovam e não chorem. Que eu abençoe antes a despertar pena.

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Quando eu purifico e elevo minhas águas, meu sangue se purifica e pode receber, além de mais conscientemente aprender o meu Ser. O sangue purificado é abençoado e visitado cada vez mais por aqueles que inspiram e conduzem, e cada vez menos por aqueles que viciam, vampirizam e induzem.

Sejamos!

 

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