O segredo dos chakras

por Gilberto Coutinho 

“Teriam os chakras do corpo humano um formato semelhante ao das galáxias espiraladas? Poderiam ser tais galáxias consideradas grandes centros de energia (chakras) no universo?”

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Segundo o Samkhya e o Yoga (1), todos os elementos (Tattvas) que constituem o universo e suas incontáveis galáxias também estão presentes no corpo humano:

– Purushha (consciência pura, universal, eterna e imutável; não se identifica com os fenômenos oriundos de prakriti);

– Prakriti (matriz primordial e imanifesta de onde emanam todos os fenômenos da natureza);

– Trigunas (três qualidades primárias da natureza: Sattwa – princípio do equilíbrio, da harmonia e da evolução;

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– Rajas – princípio do movimento (graças a sattwa e rajas, o universo desde o seu nascimento tem se expandido e evoluído);

– Tamas – princípio da inércia);

– Buddhi (faculdade cognitiva superior e intuitiva, sabedoria inerente à natureza e aos seres vivos);

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– Pancha Maha Bhutas (os cinco grandes elementos: espaço, ar, fogo, água e terra); o Prâna (bioenergia, princípio da vida, força vital, apresenta cinco formas principais: prâna, apâna, samâna, udâna e vyâna), etc.
                        
No homem, cada um dos cinco elementos (bhutas) possui seu próprio centro de atividade, uma região anatômica onde é predominante e de onde irradia sua energia ou influência para todo o organismo. Para o Tantra (2) e o Hatha Yoga (3), essas regiões são chamadas de Chakras que, em sânscrito, significam círculos, rodas, centros sutis de energia e de grande atividade, centros psicoenergéticos, magnéticos, sedes da consciência. Existem sete grandes chakras (mahachakras) localizados ao longo da linha média do corpo, que funcionam como grandes processadores, reservatórios e distribuidores de energia vital; cinco estão localizados ao longo da coluna vertebral; dois, na região da cabeça.

Diversos outros pequenos centros energéticos (upachakras) estão nas regiões das articulações e em outras partes do corpo, também centenas de pequenos pontos concentrados de energia (marmas, que, posteriormente, deram origem aos pontos de acupuntura).                      


Os sete grandes chakras e as setenta e duas mil nadis. Dos chakras, segundo a tradição do Yoga, irradiam, no total, cerca de setenta e duas mil nadis ou canais sutis de energia prânica, formando-se uma rede ou trama de canais, por onde o prâna, o princípio da vida, circula pelo organismo e mantém em funcionamento todas as células, a circulação sanguínea, os órgãos, os sentidos e, inclusive, a atividade mental.

O prâna que circula ininterrupto pelos chakras e pelas nadis durante a vida constitui, junto com a mente, a porção mais sutil do corpo humano.  
                        
Teriam os chakras do corpo humano um formato semelhante ao das galáxias espiraladas? Poderiam ser tais galáxias consideradas grandes centros de energia (chakras) no universo?

(1) Duas das seis mais importantes Escolas Clássicas de Pensamento ou Filosóficas (Dárshanas) da antiga Índia, assim como o Nyáya, o Vaishêshika, o Mimansa e o Vedanta. 

(2) Filosofia comportamental que nasceu na Índia há milhares de anos e que foi forçada a desaparecer na época da invasão dos Áryas, de características matriarcais, sensoriais, naturalista e não repressora, cuja reverência é feita sempre à mulher como “Mãe Divina e Senhora do Homem”; complexo sistema filosófico de descrição da realidade objetiva. Muito dos ensinamentos do Yoga Antigo ou Pré-Clássico passaram, posteriormente, a fazer parte do Tantra.

(3) Antigo sistema de Yoga, talvez da Era Pré-Clássica, mas que, na época medieval, teve seus ensinamentos revivados e enfatizados por dois grandes mestres, Sri Matsyendranath e seu discípulo Sri Gorakshanath (segunda metade do Século X e primeira do Século XI D.C.), e, mais recentemente, pelos renomados mestres Sri Tirumalai Krishnamacharya (1888 – 1989) e seu discípulo B.K.S. Iyengar (1918).

Shapta Chakras – Os Sete Grandes Centros Psicoenergéticos do Corpo

1. Muladhara Chakra – Localização: situa-se na base da coluna vertebral, entre as genitais e o ânus, períneo, plexo coccígeno; Elemento: TERRA; Bija Mantra: LAM; Órgãos: sistema urinário/excretor, glândulas sexuais e seus respectivos hormônios; Sentido: nariz/olfato; Características humanas: instinto animal; Cor: carmim, vermelho forte; é representado por um lótus amarelo com quatro pétalas avermelhadas. É no Muladhara onde Sushumna Nadi (um dos três mais importantes canais de energia, por onde circula a Kundalini, localiza-se ao longo da medula espinhal, atravessa o encéfalo e alcança o topo da cabeça) e a raiz de todas as demais Nadis se encontram. Muladhara é o ponto de origem de Sushumna. O mantra LAM harmoniza a função do APANA VAYU (uma das subdivisões do prâna, cuja sede é a região do ânus e que rege a função excretora: urina, fezes, gases, suor e, inclusive, a eliminação do sêmen), acalma, equilibra, propicia contentamento e alegria.
                        
2. Svadhisthana Chakra – Localização: na raiz das genitais (no homem, na raiz do pênis), cerca de dois dedos acima do períneo, plexo sacral; Elemento: ÁGUA; Bija Mantra: VAM; Órgãos: reprodutores e de eliminação de urina (aparelho genitourinário), e glândulas reprodutivas; Sentido: língua/paladar; Características humanas: EGO; Cor: vermelho vivo; é representado por um lótus branco com seis pétalas rubras. Svadhisthana Chakra localiza-se no canal Sushumna, assim como os demais centros localizados na linha média do corpo. VAM: equilibra o metabolismo da água, propicia criatividade, fertilidade e imaginação.
                        
3. Manipura Chakra – Localização: na altura do umbigo, plexo solar; Elemento: FOGO; Bija Mantra: RAM (pronuncia-se da mesma forma do nome do príncipe Rama); Órgãos: sistema digestivo, digestão e absorção dos nutrientes; Sentido: olhos/visão; Características humanas: sensualidade, ambição e cobiça/ganância; Cor: é representado por um lótus vermelho com dez pétalas douradas. Os três primeiros chakras formam a parte mais grosseira do corpo material (Virat). RAM: aumenta agni (fogo biológico digestivo), beneficia a digestão e o metabolismo, promove saúde, percepção, energia e motivação.
                        
4. Anahata Chakra – localização: região do coração, plexo cardíaco; elemento: AR; Bija Mantra: YAM; Órgãos: pulmões, coração e glândula timo; Sentido: mãos/tato; Características humanas: emoções, sentimento de amor, compaixão, benevolência; Cor: vermelho vivo da flor Bandhuka (Pentapetes phoenicea); é representado por um lótus cinzento com doze pétalas de vermelho flamejante. YAM: regulariza a circulação sanguínea e a função respiratória, pois o coração e os pulmões são a sede do PRÂNA, propicia energia e entusiasmo.
                        
5. Vishuddha Chakra – Localização: região da garganta, abaixo da laringe, plexo laríngeo; Elemento: ESPAÇO; Bija Mantra: HAM (da forma como se pronuncia o nome Hanuman); Órgãos: aparelho fonético e glândulas tireoide e paratireoide; Sentido: ouvido/audição; Características humanas: paciência, tolerância, resignação, aceitação das adversidades da vida, promove equilíbrio psíquico e sensitividade; Cor: roxo claro; é representado por um lótus branco com dezesseis pétalas purpúreas. Este centro governa o poder da expressão. HAM: beneficia a voz, o funcionamento das glândulas tireoide e paratireoide, a respiração e a circulação do prana pelo organismo. Acima de Vishuddha Chakra, na raiz do palato, existe um centro menor chamado Lalana ou Kali Chakra, de cor vermelha.
                        
6. Ajna Chakra – Localização: trikute (espaço entre as sobrancelhas), plexo frontal, sede da mente; Elemento: MENTE/CONSCIÊNCIA; Bija Mantra: OM e KSHAM; Órgãos: medula oblonga e glândula pineal; Sentido: intuição; Características humanas: inteligência, discernimento, porta para a autorrealização/SAMADHI; Cor: branco; é representado por um lótus de um branco reluzente com duas pétalas brancas. KSHAM: propicia concentração, paz, estabilidade mental e emocional, acalma a mente e as emoções. É nesse chakra que o yogue se concentra ao recitar o OM na hora de deixar seu corpo físico.
                        
7. Sahasrara Chakra – Localização: no alto da cabeça, na região da fontanela, morada do senhor Shiva; Bija Mantra: OM (som da criação do universo, simboliza o “Absoluto”.); Órgãos: cérebro, glândula epífise ou pineal; Cor: é representado por um lótus de mil pétalas que brilha com o esplendor de muitos sóis. Todos os demais chakras encontram-se conectados com o Sahasrara Chakra. É a sede da superconsciência e do mais elevado dos conhecimentos. OM: apura e eleva a consciência, propicia profunda expansão da consciência.
                        
Literalmente, Bija Mantra significa “semente sonora”, mais especificamente um ultrassom ou infrassom; esses são sons a uma frequência superior ou inferior àquela que o ouvido humano consegue perceber (de 20 Hz a 20.000 Hz aproximadamente).
                        
O som é caracterizado por vibrações ou variações da pressão no ar. Alguns animais, como o morcego, cão e golfinho são dotados de um limite de percepção sonora superior ao do ouvido humano e por tal razão conseguem ouvir os ultrassons.

Como pronunciar corretamente os Bijas Mantras e se concentrar nos Chakras?

A vogal “a” dos mantras LAM, VAM, RAM, YAM e HAM deve ser pronunciada de forma curta, como a palavra “rã”, com exceção a vogal “o” do mantra OM. A consoante “m” deve ser pronunciada de forma anasalada, com os lábios fechados, enquanto restar ar nos pulmões.

O mantra OM deve ser pronunciado da seguinte forma: inspiração profunda pelo nariz e concentração no trikute (espaço entre as sobrancelhas). Ao se expirar pela boca, deve-se pronunciar a vogal “o”, mantendo-se os lábios abertos e arredondados. Gradativamente, deve-se adicionar a consoante “m” à vogal “o” e iniciar lentamente o fechar dos lábios, até que o mantra seja completamente pronunciado de forma anasalada (de lábios fechados).   Deve-se continuar a pronunciá-lo enquanto restar ar nos pulmões.

Durante a verbalização, o praticante deve fechar os olhos e se concentrar num determinado chakra e no seu respectivo Bija Mantra. A concentração apurada associada à verbalização dos Bijas Mantras auxilia na ativação dos chakras e de suas funções psicoenergéticas, promovendo bem-estar, centralização psicológica, serenidade, energia, vitalidade e saúde.