Por Marta Relvas
O ser humano é o produto final das interações que estabelece com os outros seres humanos, desde o bebê ao idoso, isto é, com a sociedade. Pais, professores, mediadores são considerados agentes externos ao próprio corpo do indivíduo, são internalizados no seu cérebro pelas atividades de mediação que lhes permitem, num contexto cultural, criar a sua própria autoconsciência.
Diferença: cérebro do ser humano e do animal não racional
Ao contrário do animal não racional, os seres humanos dependem de uma relação espacial- temporal interiorizada de estímulos sensoriais e respostas motoras, não como resultado de uma aprendizagem biológica reativa baseada em reflexos, mas como resultado de uma aprendizagem psicossocial mediada, interativa, baseada em funções cognitivas. Tal interação está na origem de uma estrutura complexa e hierarquizada, de um órgão extremamente organizado do organismo, ou seja, o cérebro. Órgão da cognição, que se transformou em “órgão da civilização”.
O cérebro só pode se desenvolver por meio da aprendizagem individualizada e é “produto” da mediação com os outros seres humanos. A aprendizagem humana contextualizada promove a incontestável evolução da plasticidade funcional neuronal. Ou seja, a cognição humana aprende-se e ensina-se pela interação.