por Cristina Balieiro
Viver é transformar-se! A cada dia, a cada mês, ano ou década precisamos sempre nos reinventar, mergulhando cada vez de forma mais profunda dentro de nós e em nossas experiências.
É ao surpreendermos a nós mesmos e enxergarmos facetas e possibilidades que nem tínhamos ideia de existir é que permanecemos vitais.
Temos sempre que nos desconstruir para nos construir de forma mais autêntica e madura, temos sempre que “morrer” para de fato continuarmos VIVOS.
Só que muitas vezes sabemos que estamos mudando e que temos que mudar, mas não sabemos para onde vamos, muito menos onde chegaremos: é como se andássemos às cegas. Parece que não temos mais mapas e o GPS recusa-se a funcionar; as referências se foram.
O velho já foi e o novo ainda não nasceu.
Vivemos na fase de *crisálida, onde não somos mais lagartas, mas também não somos ainda borboletas. E, muitas vezes, como crisálidas temos que ficar quietas, meio imóveis esperando que o processo de transformação ocorra.
E como é difícil, para nós, suportar esses momentos: suportar o não saber, o não agir, o não controlar.
Na nossa falta de fé na vida, não confiamos no processo e em deixar fluir.
Na nossa cega crença que devemos planejar tudo, controlar, ter metas e total clareza, deixamos escapar experiências vitais como são esses momentos de transição ou de “vazio”.
O caminho em direção à nossa mais profunda individualidade é sempre composto de Luz e Sombra. E é na aceitação dessa totalidade que podemos cumprir o mais profundo destino: sermos nós mesmos em todas as nossas nuances.
Muitas vezes é nesses tempos de “escuro”, do NÃO SABER, que está a fonte onde o novo e o criativo estão sendo gestados.
Como diz Joan Borysenko, em seu livro "Uma jornada para Deus": “Períodos de “não saber” são parte do cenário de tornar-se autenticamente íntegro em contato com o poder e a autoridade interiores”.
Sustentar esses momentos faz parte da jornada heroica de nos tornarmos nós mesmos.
O que fazer durante a fase de transição?
1º) Deveríamos ficar quietas, meio imóveis esperando que o processo de transformação ocorra;
2º) Aprender a suportar o não saber, o não agir, o não controlar;
3º) Confiar no processo e em deixar fluir…
* Crisálida: Terceiro estado do ciclo de vida da borboleta. Quando a lagarta atinge o seu desenvolvimento completo, solta a pele e produz a dura casca protetora da crisálida. A crisálida fica pendurada numa almofada de seda, presa por uma espécie de gancho ou ainda por uma faixa de seda que envolve o seu corpo. Não possui casulo. O corpo da borboleta se desenvolve sob a casca da crisálida. Finalmente, a casca se rompe e a borboleta sai.