por Renato Miranda e Antonio Walter Sena Junior
Muito natural para jovens no início da adolescência, por volta dos 12 anos, hábeis e com certo destaque em algum esporte, desejarem, muitas vezes impulsionados pelos pais e treinadores, investir na carreira esportiva.
E a motivação principal dos pais quase sempre está influenciada pela imagem de sucesso dos atletas famosos e ricos.
E isso pode ser uma armadilha perigosa, pois atrás de cada carreira de sucesso normalmente está oculta uma longa trilha de grandes exigências e sacrifícios, como a rotina intensa de treinamentos, o desgaste físico e mental, sequências intermináveis de viagens e competições, além do isolamento social (poucas horas com os amigos).
Qualquer atleta de sucesso tem que passar por isso, normalmente a partir de 12 anos de idade. E mesmo para chegar lá, o jovem com talento tem que passar por muitas “peneiras” seletivas, que vão desde o nível local (na própria cidade) até o nível estadual, nacional e internacional. As exigências são cada vez maiores.
Podem acontecer também problemas genéticos. Por exemplo, se o jovem é revelação no volei, e espera-se que ele cresça o suficiente para ser um grande jogador. Se ele não cresce, a frustração pode ser enorme. Podem acontecer conflitos pessoais (“Será que é isso que eu quero?”) e paixões inesperadas que o(a) afastem do esporte.
A partir dos 16 anos, por exemplo, já numa seleção nacional, o jovem pode ficar meses e meses sem ver a família, grandes pressões por resultados, como pode também enfrentar lesões e árduos períodos de recuperação, que, num caso mais grave, poderão afastá-lo definitivamente do esporte. A exigência é brutal!
E o próprio aspecto financeiro pode não ser tão sedutor quanto parece! No Brasil, o futebol e o volei são os esportes que oferecem melhores salários. Mas em outras atividades como o handebol, judô e atletismo os salários podem ser até humilhantes, e com as mesmas exigências e sofrimentos dos esportes melhores remunerados.
O que fazer?
Os pais precisam ter uma consciência crítica apurada e muita clareza das reais possibilidades que os diferentes esportes podem oferecer. Com dados concretos na mão, eles podem estabelecer objetivos realistas, sem o risco de ilusões que poderão, no futuro, acarretar sofrimentos inúteis para os filhos e toda a família.
E também não se deve esquecer que o esporte em geral é a melhor forma de formação do caráter individual. Pois a prática esportiva, além dos benefícios de saúde e bem-estar, ensina disciplina, concentração, respeito a si próprio e aos outros, além de formar adultos que irão competir pela vida com nobreza e dignidade.