por Renato Miranda
Quando um determinado jovem atleta demonstra desde a tenra idade, – nos esportes coletivos normalmente entre 12 a 14 anos, nos individuais antes dos 12 anos -, surgem expectativas de um promissor desempenho em nível elevado ou profissional.
De fato, o talento esportivo quando diagnosticado através de bons desempenhos é estimulante para os jovens, pais e treinadores. No entanto, quando há desejo de investimento em uma possível carreira profissional é necessário observar algumas considerações. Entre elas destaco:
a) Prazer na prática esportiva
Independentemente das dificuldades e sacrifícios individuais, além das exigências contínuas é fundamental que o atleta sinta prazer nas rotinas intensas de treinamento e competições.
b) Resistência psíquica aos treinamentos
Por mais talentosa que seja a pessoa, não há outra possibilidade de progresso a não ser pelo esforço persistente de repetir adequadamente horas incontáveis de treinamentos e tarefas. Assim sendo, é fundamental que o jovem atleta tenha naturalmente grande resistência psíquica às demandas de rotina de treinamento.
c) Persistir no amadurecimento emocional
O resumo do equilíbrio emocional de desportistas é aprender atribuir causas às derrotas e às vitórias. Em outras palavras, o jovem atleta deve aprender a equacionar o impacto das emoções relativas às competições. Só assim nós teremos um atleta que não sofrerá demasiadamente diante uma derrota e tampouco desenvolverá espírito arrogante diante às vitórias.
d) Compreender os limites da vida de atleta
O exercício da liberdade ao escolher a vida esportiva, provoca paralelamente o atleta a ter uma vida com certos limites. Ou seja, uma vida social mais restritiva e com certo isolamento, regulação da alimentação e do sono mais severa.
e) Treinar com profissionais de alta qualidade
Somente treinadores de alta qualidade profissional e pessoal, poderão administrar uma rotina de preparação do mesmo nível de exigência. Um talento esportivo mal treinado se tornará uma "atleta de pés-de-barro". Ou seja, é aquele atleta que aparentemente tem muita qualidade, mas qualquer evento negativo é o suficiente para que o mesmo fracasse ou desanime.
f) Apoio familiar
Pais e irmãos de atleta promissor ao o apoiarem, ajudando em seus esforços diários da maneira que for possível, criam um ambiente salutar e de conforto. Como exemplo poderia citar: facilitar o deslocamento do atleta aos treinos; compatibilizar a alimentação diária da família com a do atleta; entender a dura rotina do atleta e assim evitar desarmonias e tensões corriqueiras e outros.
g) Ambiente esportivo de qualidade
Em um ambiente seguro, saudável e com equipamento de alta qualidade, potencializamos talento esportivo e projetamos resultados satisfatórios em um espaço de tempo satisfatório.
h) Escola adaptada ao atleta
Atletas talentosos em idade escolar precisam do apoio da instituição educacional. Tanto na reposição de aulas e provas ou na mobilização dos professores para entender a rotina peculiar que jovens atletas têm e, portanto, precisam de auxílio.
Ao ler tais considerações muitos podem achar demasiadamente difícil o caminho a ser percorrido para o alto rendimento. No entanto, cabe a pergunta: em outras atividades ou profissões que se almeja chegar ao alto nível é muito diferente? Acredito que não, quando vemos uma orquestra sinfônica dando um verdadeiro show, não imaginamos como foi (e ainda pode ser!) a dura rotina de cada músico. Portanto, não há receita mágica: talento e trabalho constantes são a base dos grandes desempenhos!