por Jocelem Salgado
Durante anos, o grande drama nacional no Brasil era a falta de comida, que conduzia a um quadro de desnutrição infantil. Contudo, hoje a situação está se invertendo. O Brasil está deixando de ser um país de desnutridos para ser um país de obesos. Quando o Brasil enfrentava a desnutrição, o problema era de política pública.
Hoje, tirando os bolsões de miséria, o maior responsável pelas deficiências alimentares não é o Estado, mas os pais, já que cabe a eles a tarefa de decidir o que as crianças vão comer. Entretanto, pesquisas que estudam os hábitos alimentares das crianças mostram que essa missão está sendo desempenhada com displicência. Os pais acham natural que seus filhos prefiram batata frita, salgadinhos, hambúrguer, sorvete, etc. do que comer uma salada de cenoura, agrião ou um pedaço de peito de frango grelhado. O problema é que a grande maioria das pessoas se esquece de que as crianças nascem sem saber qual é a exata diferença entre esses alimentos.
Impor disciplina alimentar aos nossos filhos é uma missão que parece quase impossível, mas sem dúvida nenhuma tem que ser encarada como um desafio. Há, no entanto, alguns pequenos truques que poderão ajudar os pais nessa difícil, mais gratificante, missão.
1) 1º passo: cardápio balanceado
O primeiro deles é tratar de definir um cardápio balanceado e variado para todas as refeições e, se o seu filho ou filha não quiser comer, o problema é dele (a). Mas deixe bem claro que não haverá dinheiro para lanches ou sorvete ou chocolate e que só haverá alimentação na próxima refeição. Nunca devemos nos esquecer que é natural que a criança goste mais de um alimento do que de outro, mas temos que ter em mente que a cozinha da nossa casa não é um restaurante. A criança pode ter opção, porém quem tem que montar o cardápio são os pais.
2) Dê bons exemplos
Se o pai bebe refrigerante durante as refeições, não adianta recomendar aos filhos que tomem sucos naturais de frutas. Da mesma forma os pais devem consumir verduras, legumes, etc. com satisfação para que os filhos sigam o modelo. Todo pai e toda mãe também já devem ter passado pela situação em que a criança recusa a comer cenoura ou brócolis. Mas ceder facilmente a um "não quero!!" é o primeiro passo para criar um pequeno ditador em casa.
3) Na hora de preparar as refeições, vale camuflar o alimento que a criança rejeita em outro que ela gosta
Por exemplo, a criança precisa de uma alimentação rica em ferro, mas ela detesta fígado. Pode "camuflar" cozinhando o fígado de boi e depois empregar esse caldo para o preparo de macarrão. Após isso adicionar o molho de tomate, e sem que a criança perceba, ela estará agregando ferro em sua alimentação. Outro fato que deve ser destacado é que a forma de apresentação do alimento pode influenciar a criança a comê-lo mesmo sem gostar.
4) É importante que os pratos oferecidos às crianças sejam coloridos
Por exemplo: saladas com cenouras, brócolis, vagens, etc. Cortados de maneira homogênea, temperados com iogurte natural, etc. É importante lembrar que comemos antes com "os olhos".
5) Integre as crianças em algumas fases do preparo da refeição
É importante que a criança tanto na escola como em casa participem do preparo de uma alimentação saudável. Isso pode fazer com que elas percam o preconceito por alguns alimentos e até mudem de opinião sobre alimentos que antes não gostavam. Os pais devem ter um conhecimento mínimo para informar aquela criança das vantagens do consumo de uma salada, de uma fruta, em vez da batata frita e do salgadinho encharcado de gordura.
6) Sempre que possível leve as crianças à feira, por exemplo, para que elas tenham contato com os alimentos e participem da compra
Mostrar as diferentes frutas, estimular as crianças a experimentarem todos os tipos de frutas encontradas na feira e sempre enfatizar a elas a importância de seu consumo. O mesmo é valido para verduras, peixes, etc.
7) Quando os filhos não aceitam algum alimento as mães devem agir impondo disciplina
Se já se tem um cardápio balanecado definido, deixe bem claro que não haverá dinheiro para lanches ou sorvete ou chocolate e que só haverá alimentação na próxima refeição.
8) Não ameace a criança que não quer comer com castigo
Isso aumenta sua repulsa à comida. Aja como dissemos anteriormente, sem pressão e com calma. Não ofereça recompensas em troca de prato vazio (dá ideia à criança de que comer não é bom).
Existe um conceito que "tudo o que você quiser fazer para o seu filho em termos de alimentação, faça-o enquanto ele estiver em seu ventre e nos primeiros anos de vida". Ensinando bons hábitos alimentares a seu filho nessa idade, com certeza você estará contribuindo para que ele seja um adulto saudável, livre da anemia e sem problemas com a balança.