por Regina Wielenska
Problemas de difícil solução, mais cedo ou mais tarde, acontecem na vida de absolutamente todo mundo.
Mas há quem lida com problemas como se insolúveis fossem. São indivíduos que parecem avestruzes, enfiando a cabeça num buraco do solo: “Se eu não consigo ver o problema, então ele deixou de existir”. Dívidas bancárias, por exemplo. Há quem fuja dos cobradores, drible gerentes de banco melhor que zagueiro de Seleção Brasileira, busque agiotas (outra armadilha das mais óbvias).
Conheci duas histórias muito bacanas: na TV assisti a um programa no qual a entrevistada, transeunte em uma avenida paulistana, declarou estar com dívida antiga de cartão de crédito, mas afirmou não ter a menor ideia do quanto devia, estava com o nome “sujo na praça”, não podia usar cheques e cartões, o que atrapalhava sua vida.
O repórter a convidou a visitar o setor de negociações do banco e, para espanto da moça, a dívida era menor do que imaginava, o banco estava inclinado a reduzir em muito o valor a ser pago e propôs dividir a quitação em três parcelas, muito razoáveis. Assim ela saiu da inadimplência, depois de anos aterrorizada com a dívida. O outro caso é de uma amiga, que ativamente procurou as instituições financeiras e lhes dizia mais ou menos o seguinte: “Quantas pessoas buscam vocês abertamente dispostas a negociar o valor devido? Eu quero resolver e pagar tudo, se vocês fizerem a parte que lhes cabe. Calculem, recalculem e me ofereçam soluções realistas. Quero zerar meu caixa, e ficar livre”. Ainda estão acontecendo negociações, mas ela já obteve descontos justos de 70%, os juros eram absurdos e o banco aceitou ganhar menos em cima da dívida da cliente de forma a garantir a quitação.
Estra coluna não está falando de educação financeira. Estou, isto sim, interessada em enfatizar que lidar de frente com problemas pode ser muito válido. Fugir aumenta o caos, desorganiza a vida, tira o sossego, a saúde e o sono. Enfrentar dá frio na barriga, produz medo e nos deixa tensos. Mas é um sofrimento por tempo limitado, e enfrentar aquilo que nos cabe termina por nos trazer de volta o sono bom de quem cumpriu o dever.
Problemas solúveis merecem ser enfrentados, porque nós merecemos a paz de espírito, não é?