Ômega 3: longevidade à saúde do cérebro

por Jocelem Salgado  

Os ácidos graxos ômega-3 são lipídios (gorduras) poli-insaturados de grande importância para a manutenção da saúde. Recentemente, o consumo desses ácidos graxos despertou grande interesse dos pesquisadores em função das associações encontradas entre o seu consumo e a prevenção de doenças neurodegenerativas, principalmente em idosos.

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Os estudos têm demonstrado que portadores de enfermidades neurológicas como esquizofrenia, depressão, síndrome do déficit de atenção e hiperatividade têm menores teores de ácidos graxos ômega-3 nas membranas celulares. Além disso, evidências apontam que a deficiência de ômega-3 pode estar associada aos diversos problemas de comportamento, desordens neurológicas e psiquiátricas, como por exemplo, a depressão.

O tecido cerebral é predominantemente composto de lipídios, incluindo os saturados, monoinsaturados e poli-insaturados. Dentre os ácidos graxos poli-insaturados, o ômega-3 representa cerca de 10 a 20% do total da composição de ácidos graxos do cérebro. Estes ácidos graxos são componentes estruturais fundamentais das membranas dos neurônios (células do cérebro) e estão envolvidos nos processos cerebrais e neuronais do sistema nervoso central. Sendo assim, ácidos graxos ômega-3 são essenciais durante todo o ciclo da vida para o desenvolvimento e funcionamento normal do cérebro.

Atualmente, cerca de 25% da população acima de 65 anos possui um significativo comprometimento da atenção cognitiva. Estima-se que a prevalência global de déficit cognitivo e demência, incluindo doença de Alzheimer, irá aumentar significativamente em proporção ao aumento da expectativa de vida. A deterioração da memória e atenção cognitiva debilita gravemente o indivíduo, comprometendo diretamente sua qualidade de vida e a de seus familiares.

Ao que tudo indica, pessoas com alimentação deficiente em ômega-3 podem sofrer antecipadamente com o processo natural de envelhecimento do cérebro. Essas pessoas são acometidas mais cedo por problemas como a perda de memória e o declínio de habilidades cognitivas.

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Os ácidos graxos ômega-3 beneficiam as funções cognitivas e a proteção do cérebro, pois exercem um papel de agente antioxidante e neuroprotetor. Estudos demonstraram que o ácido graxo docosahexaenoico ou DHA e o ácido graxo eicosapentaenoico ou EPA (dois ácidos graxos ômega-3) são antioxidantes nutricionais e reduzem a formação de radicais livres no cérebro e no fígado. Os radicais livres são moléculas instáveis que, para atingir a estabilidade, reagem com o que encontram pela frente, muitas vezes destruindo ou alterando moléculas importantes, como lipídios, proteínas, vitaminas e até mesmo o DNA celular. Uma vez alteradas, essas moléculas podem não desempenhar seu papel de maneira eficiente e correta e, uma das formas de diminuir a formação dos radicais livres é por meio de substâncias que agem como antioxidantes.

Apesar da importância do ômega-3 já estar evidenciada no meio científico, o consumo de ômega-3 pela população em geral, incluindo crianças e adolescentes, é frequentemente inadequado. Isso porque os hábitos alimentares e o ritmo de consumo da população dão preferência à ingestão de gorduras saturadas (como as presentes nas carnes, manteiga, queijos curados, bacon e banha). As gorduras saturadas são também importantes para o nosso organismo, porém em pequenas quantidades, já que em grandes quantidades podem causar sérios problemas para a saúde, como elevados níveis de colesterol, aterosclerose e infartos.

Principais fontes de ômega-3

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Peixes de água salgada e produtos derivados de peixes, tais como óleo de peixe. Alguns dos peixes ricos em ômega-3 são: cavala, arenque, sardinha, salmão, atum e bacalhau. O ideal seria a ingestão de pelo menos duas porções de peixe por semana dando preferência as preparações assada, cozida ou grelhada.

As nozes, castanhas, sementes de linhaça, azeite de oliva e óleos vegetais (canola e linhaça) são importantes fontes da família do ômega-3. É importante salientar que esses alimentos são fontes importantes por estarem ao maior alcance da população, entretanto, as melhores fontes são os peixes de água salgada.

Dados do Ministério da Pesca indicam que o consumo anual de peixe no Brasil (9 kg por habitante) está bem abaixo do recomendado (12 quilos por habitante) pela Organização Mundial da Saúde.

Dessa forma, o Brasil é um país em que a suplementação com DHA é necessária.

Sendo assim, para a manutenção da saúde do cérebro, de forma a manter as habilidades cognitivas por diversos anos, o consumo de alimentos contendo ômega-3 e/ou a suplementação com DHA (omega 3) é indispensável.

Referências

Ubeda, N.; Achón, M. Varela-Moreiras, G. Omega 3 fatty acids in the elderly. British Journal of Nutrition, v.107, p.S137-S151, 2012.
Mazereeuwa, G.; Lanctôta, K. L.; Chaua, S. A.; Swardfagera, W.; Herrmanna, N. Effects of omega-3 fatty acids on cognitive performance: a meta-analysis. Neurobiology of Aging, v.33, p.1482.e17-1482.e29, 2012.