por Rosa Fonseca
Tenho divulgado aqui diversas dicas com o intuito de ajudar os leitores na difícil tarefa de comer bem, mesmo com correria cotidiana. Mas nunca dei receitas, embora sempre surja pedidos, especialmente pelas rápidas e saudáveis.
Confesso que resisto. Porque afinal o mundo está cheio de receitas maravilhosas que podem ser feitas em 10 minutos. Não seria muito restrito (e petulante) eu dar 4 ou 5 míseras receitinhas, supondo assim resolver o dilema culinário moderno?
Mas não posso contar quantas pessoas já comentaram, decepcionadas e até enfurecidas, sobre receitas que simplesmente não funcionam ou cujo tempo de preparo anunciado não passa no teste da verdade. Sou obrigada a concordar que o mundo também está cheio de receitas furadas, mal explicadas, que simplesmente não dão certo – especialmente na internet.
Conheço chefs que omitem pontos importantes intencionalmente ao divulgar seus pratos para garantir que ninguém os reproduza. Que bom que os mais célebres cozinheiros clássicos não agiram assim: sem tudo registrado, descrito e organizado a cozinha francesa nunca se tornaria tão importante. Mas não basta dominar o idioma do autor para entender essas literaturas. No final, chefs e jornalistas são lidos por todos, mas apenas os segundos são versados na difícil arte de escrever pensando no leitor.
Dado o quão podem ser escassas, decidi indicar fontes confiáveis de receitas fáceis.
O livro da Dona Benta é um clássico de todos os tempos: vale ter na estante. Além de ter milhares de receitas para todo tipo de situação (do dia a dia ao cardápio de festa), elas são todas testadas por leitores antes de publicadas.
Os fascículos e livros da revista Claudia, vendidos até nas bancas, são outra boa pedida: bons, baratos e largamente ilustrados.
Uma dica internacional é a Nigela Lawson. Trata-se de uma mulher absolutamente normal – mãe que trabalha fora, esposa, dona de casa, moradora da cidade grande – exceto pelo invejável repertório de receitas “pá-pum”. Tanto na TV fechada como em seus livros, Nigela é de uma simplicidade nada óbvia. Seus pratos parecem complexos sem ser. Perfeito para quem não quer perder tempo e/ou não tem experiência, mas gosta de comer bem e impressionar.
Mesmo sendo chef, depois de passar 10 horas cozinhando a trabalho, quando chego em casa estou tão cansada que não quero ficar no fogão. Por isso, coleciono receitas rápidas há anos. Quando estou sem imaginação, folheio meus recortes e voilá! Rapidinho o banquete está servido
O tema preferido dessas horas é a cozinha mediterrânea, fonte inesgotável de inspiração no preparo de comida fresca, saudável e descomplicada. Por razões geoeconômicas, essa cultura culinária foi cunhada pela criatividade de gerações de mulheres sem fartura de recursos, que trabalhavam o dia todo fora (no campo) e cuidavam sozinhas da casa e dos filhos, sob um calorão. Alguma semelhança com a realidade da maioria de nós?
Bem, preciso ir fazer o jantar, que tem que estar na mesa em 15 minutos. O menu du jour é couscouz marroquino – rápido e magnífico, autêntico exemplar da comida mediterrânea. Sugiro ir correndo ver como se faz!