por Samanta Obadia
O céu é o limite! Para quem? Não para o sistema capitalista-consumista.
O desejo de comprar tornou-se o sentido de vida do ser humano.
A velocidade das propagandas na mídia invade sem escrúpulos até mesmo o universo infantil. É a mais pura demonstração do descontrole total da sociedade em relação à educação no Brasil.
Atualmente, as crianças passam mais tempo de suas vidas diante da TV do que em qualquer outra atividade. São reféns da mídia, posto que seus desejos são impostos pelos produtos que ‘devem’ ser adquiridos para que possam fazer parte do grupo ‘feliz’ da sociedade.
Outro dia, tive uma experiência estonteante ao ver um grupo de crianças dizendo que elas preferiam comprar a brincar. Fiquei estarrecida e, ao mesmo tempo, triste, pois vi a infância ser trocada, literalmente, por objetos sem significado.
TV, shopping, dinheiro, fama, status, beleza, nada disso fazia parte do universo da criança. Mas hoje, esses dados são importantes para esvaziar a infância das mesmas.
O que fizeram à nossa preciosa esperança?
A mídia criou novas subjetividades, novos valores, uma nova infância, a da criança vazia. E os pais, perdidos, tornam-se cúmplices de tais atos.
Cria-se assim uma criança que teme o contato, uma pessoinha que exige coisas para ser feliz, um adulto-mirim que negocia com seus pais o direito a ter objetos ao invés de afetos. E então, vemos crianças sofrendo de depressão, praticando bullying. Meninos e meninas que se expõem no orkut de maneira sensual, fingindo ter 18 anos e conversado com pedófilos.
Onde está a infância? Onde está a criança? Onde está o futuro?
Socorro! Salvem os que ainda estão por vir, que verão a nossa descendência ser engolida pelos titãs mediados pela TV, pela internet e pelos vendedores de felicidade.
Retirem da barriga do lobo as vovozinhas que ainda contam fábulas ingênuas para que as futuras crianças tenham apenas medo do bicho-papão, e que voltem a sonhar em ser mocinhas ou príncipes que vencem dragões.