por Luiz Alberto Py
Penso que onde falta autoestima, há um espaço pronto para ser ocupado pela vaidade. A ausência daquela deixa um vácuo na alma, costumeiramente preenchido com esta.
A melhor informação que temos sobre nós mesmos ensina que somos apenas um elemento da natureza, da vida deste planeta. Isto não nos autoriza a nos sentirmos envaidecidos por nossas qualidades, elas aconteceram sem que tivéssemos qualquer mérito.
Tanto quanto nossos defeitos que, também da mesma forma, não devem ser motivo de vergonha porque não nos cabe culpa em recebê-los. Nossa tarefa consiste em aprimorar as qualidades com que fomos brindados e neutralizar ou, quando possível, corrigir os defeitos que nos couberam.
A meu ver a autoestima consiste precisamente nisso: cuidar de nós mesmos como devemos cuidar da natureza, do ambiente e dos demais seres que aqui habitam. A vaidade, por seu lado, é tão estúpida como o orgulho que uma macieira poderia ter por produzir mais ou melhores frutos do que suas vizinhas. Sua genética, sua melhor posição em relação ao sol e sua melhor situação com relação à fertilidade do terreno não são mérito, mas sorte.
Devemos ficar felizes com nossas sortes em vez de tolamente nos envaidecermos por elas. E suportar nossas faltas de sorte como oportunidades para aprender a sabedoria da serenidade e do desapego.