por Edson Toledo
O estresse está presente em nosso cotidiano. É muito difícil não ver alguém de qualquer extrato social dizer que não está estressado ou que algo é muito estressante. O estresse foi incorporado na língua diária como algo que provoca tensão e desgaste. Estar estressado é estar tenso e desgastado.
O estresse é uma reação do organismo (mente/cérebro/ambiente) a situações que possam quebrar seu equilíbrio (homeostase).
Assim, inicialmente, o estresse é saudável, uma adaptação às variações que ocorrem em nossas vidas. Essa reação da mesma forma ocorre em todos os mamíferos, sendo extensivamente noticiada nos programas sobre vida animal. O que vemos são, contudo, momentos de atenção e espreita seguidos de reações de caça e defesa que duram poucos minutos. Se não há sucesso, o predador precisa se reestabelecer para a nova empreitada; sorte da presa. Se há sucesso do predador, ele ficará em repouso durante um longo tempo. Há um equilíbrio entre caça-presa.
Esse sistema foi feito para a ação aguda, mais o ser humano cada vez mais se afasta desse modelo; e passa a um mundo de demanda contínua, com necessidades de resolução de conflitos, desejos muitas vezes inatingíveis, sentimentos de fracasso ou confrontos iminentes, mas que não chegam nunca à concretização, tudo se passa no espaço da imaginação.
O cérebro, porém, não consegue muitas vezes diferenciar o que é real é do que é imaginário, reagindo com estresse a muitos fatos que não são objetivos.
Mundo civilizado: infinitude de predadores
Em nosso mundo civilizado, talvez estejamos expostos a uma infinitude de predadores e também a uma infinitude de "presas" que nunca conseguimos "capturar". Azar do organismo que colhe os frutos de uma reação de estresse prolongado.
Dentro do ponto de vista biológico o estresse pode ser considerado como um estado de excitação em resposta a um estressor ambiental, caracterizado por mudanças biopsicológicas que trazem consequências positivas ou negativas para a adaptação, ajustamento e bem-estar.
Como em todas as espécies, os humanos herdaram sistemas biológicos complexos aos estressores ambientais. O estresse é um termo utilizado de forma ampla para estímulos internos e externos que podem alterar a homeostase física e emocional de uma pessoa ou animal.
Três estágios do estresse:
Hans Selye* conceituou a resposta ao estresse em três estágios, que chamou de "Síndrome Geral de Adaptação".
Primeiro estágio
É o alerta no qual o estressor leva o organismo a um estado de prontidão para lutar, fugir ou congelar.
Segundo estágio
O organismo não consegue sustentar esse estágio de excitação (alerta!) e passa a um segundo estágio, que seria o estado de resistência, no qual o organismo tenta se ajustar ao estresse.
Terceiro estágio
Finalmente, se a duração do estresse é suficientemente longa, o organismo entre a no terceiro estágio, de exaustão. O organismo se esgota dos recursos e torna-se disfuncional, ou colapsa, devido ao que Selye chamou de exaustão adrenal.
Estes padrões autonômicos e somáticos têm grande variação, mas podem ser organizados em duas amplas classes:
1. Imobilidade defensiva (congelamento, medo, vigilância), na qual o organismo é passivo, mas preparado para responder ativamente a estímulos subsequentes: essa resposta ocorre na ação defensiva.
2. Ação defensiva, variações de luta/fuga que são as reações diretas ao agressor ou ataque iminente.
Todos os organismos vivos buscam um equilíbrio dinâmico chamado de homeostase.
O estresse tem sido mais e mais associado a suas consequências anormais. A visão predominante da cultura popular é a de que o estresse é anormal e prejudicial ao organismo. A ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA) aumenta a glicogênese (produção de glicose), a entrada de glicose nas células (combustível para as reações rápidas), mudanças que são úteis em situações quando a energia está sendo utilizada.
Em resumo, a ativação provocada pelo estresse ajusta o metabolismo para essas reações.
Pois bem, vimos nesta primeira parte sobre o estresse seus aspectos positivos, no próximo texto escreverei sobre o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e suas implicações no estresse.
*Hans Hugo Bruno Selye – 1907-1982, médico e químico, primeiro teórico a utilizar a palavra estresse.