por Marcelo Toniette
"Sinto muito tesão, mas não estou conseguindo gozar. Sou linda, casada, meu marido tem muito tesão por mim. Tenho 49 anos, mas pareço ter 35. Faço academia, cuido muito do meu visual, adoro sexo. Meu marido é médico, 56 anos, está em forma. Sou decoradora. Somos bem de vida. O que acontece comigo?"
Se aparantemente tudo está as mil maravailhas… por que não atinjo o orgasmo?
Resposta: Aparentemente tudo está às mil maravilhas: uma boa condição física e estética, uma boa situação financeira, uma vida ativa… Porém, o prazer neste belo cenário não está sendo vivido de forma intensa. Na sua pergunta fica em evidência o aspecto estético, a forma, mas parece que falta algum sentido em termos de vivência.
Como é ter 49 anos e “parecer” ter 35? Este sentido de vida é algo que apenas você pode ter acesso. Sentir-se preenchida, plena, é algo que demanda investimento. Veja se a idealização da estética não está escravizando você na busca da juventude eterna, privando-a de vivências mais plenas, inclusive na parte sexual.
Você diz que o desejo sexual é intenso em você e no seu marido e, parece, que a qualidade da relação de vocês também é muito favorável. Na sua pergunta você não diz se tem prazer nas relações que tem com seu marido. Muitas mulheres que se queixam de falta de orgasmo quase sempre se sentem tão angustiadas e aflitas que esquecem o sentido do encontro sexual, ou seja, compartilhar prazer. Desse modo, também esquecem que o orgasmo é o grau mais intenso do prazer experimentado na relação sexual. Se a percepção do prazer do encontro – mesmo que seja sutil – é prejudicada, o orgasmo ficará comprometido.
Aflição e autocobrança impedem obtenção do orgasmo
A aflição e a angústia do “eu não tenho orgasmo” gera a autocobrança do “eu deveria ter orgasmo”, aumentando a tensão, a ansiedade, diminuindo, assim, consideravelmente as chances de obter um prazer mais intenso, ou mesmo o orgasmo. Veja o que acontece quando, no meio de relação sexual, você começa a pensar no o-r-g-a-s-m-o; é quase certo de que a tensão surja, a excitação diminua, e, por conseguinte, adeus possibilidade de orgasmo. Orgasmo não é algo pensado, mas algo sentido a partir da experiência vivida de sensações prazerosas provenientes do seu corpo.
Orgasmo, masturbação e aprendizado
A masturbação é uma forma importante para o aprendizado do orgasmo, pois possibilita no contato com o corpo a percepção de sensações, a forma e intensidade que você mais gosta de ser tocada. Esse aprendizado com o próprio corpo serve de parâmetro para você saber como gosta de ser tocada quando estiver com seu marido.
Nesse sentido, o orgasmo é uma possibilidade de vivência que é experimentado à medida que se conhece o corpo, sensações, valores e crenças relacionados ao prazer e à sexualidade. Ele não deve ser visto como um fim que se encerra em si, mas que é algo conquistado a partir de cada momento, de cada sensação prazerosa – no mínimo que seja – experimentada na vivência sexual. A estética corporal é importante até mesmo para a manutenção da autoestima, mas também é importante considerar que a consciência desse corpo é fundamental para uma vida plena e gratificante.
Está na hora de abrir mão em buscar respostas fora de você e perceber aquilo que faz sentido para si, mediante a sua própria experiência. Está na hora de investir em “ser” e não de “parecer” para o mundo.
Experimente novas possibilidades com seu marido, compartilhem mais entre si aquilo que gostam de fazer e que gere satisfação. Em vez de se lançar nessa corrida interminável do corpo perfeito, lembre-se de que você vive no aqui-e-agora, você é no aqui-e-agora. Está na hora de você ativar seus cinco sentidos: olfato, visão, paladar, tato, e audição.
Permita-se tocar e ser tocada pelo mundo. Perceba o quanto o contexto é favorável para você – leia novamente a sua pergunta – e tente usufruir de tudo o que está ao seu redor da forma mais plena possível, sem cobranças, mas com muito prazer. Com isso, esteja certa de que está no caminho para experimentar o prazer intenso do orgasmo. Boa Sorte!