por Arlete Gavranic
Falar sobre orgasmo múltiplo do homem é um desafio. Se fizermos uma busca na Internet sobre o assunto, encontraremos 99% dos artigos sobre orgasmo feminino e na literatura idem.
A grande questão que de inicio me coloquei, é se aprofundaria esse tema como forma de estimular o potencial de prazer do homem ou se acabaria por criar mais uma cobrança no desempenho sexual do homem, como vem acontecendo com a mulher?
Existem algumas citações sobre a possibilidade do orgasmo ocorrer sem ser simultâneo à ejaculação. Essa aprendizagem segundo os praticantes do tantra, é tida como o segredo para o homem se tornar multiorgástico. Alguns adeptos de práticas tântricas acreditam e defendem que o homem possa ter vários orgasmos consecutivos, intensos e sem ejacular.
Segundo a sexóloga Regina Navarro, "Esse prazer substitui o prazer momentâneo de uma ejaculação, pois a aprendizagem de ter o orgasmo sem ejacular pode permitir a ele manter a ereção e continuar fazendo sexo, alcançando mais um, dois ou três orgasmos".
Nessa minha pesquisa através de livros e conversando com homens e profissionais da área médica encontrei posturas muito conflitantes.
A maioria dos homens refere-se à dificuldade de prolongar a relação e segurar a ejaculação. Para a maioria deles, é difícil imaginar como separar a ejaculação do orgasmo, e isso se fortalece quando estimamos que mais de 20% dos homens apresentam ejaculação precoce.
Dos médicos consultados sobre essa questão, apenas um admitiu achar possível (e até praticar), ou seja, conseguir ter orgasmo sem ejaculação, mas não se refere a ter desenvolvido o orgasmo múltiplo; mas de ter ouvido de alguns homens que o alcançaram. Outros médicos preferiram não opinar, mas confessaram acreditar que isso "seja mais uma das vantagens masculinas", pois não se encontra nenhuma referência na medicina que referende a questão.
Frente a esse quadro polêmico, conversei com o Dr. Celso Marzano, urologista e terapeuta sexual, diretor clínico do (CEDES) – Centro de Estudos e Desenvolvimento da Sexualidade. Para Marzano, o orgasmo múltiplo que poderia ocorrer com a aprendizagem de se separar ejaculação e orgasmo, é praticamente impossível. Isso porque a excitação que leva à ejaculação, é a mesma que vai desencadear as sensações do orgasmo, que mesmo sendo considerada sensorial, tem origem no físico. Ou seja, exigiria um total controle dos músculos da pelve e do pênis. Marzano afirma não ter encontrado esse controle em nenhum de seus pacientes em 27 anos de prática médica.
Como podemos constatar, muito pouco se sabe no meio científico sobre essa questão.
Sexólogos, médicos e psicólogos terão muito o que estudar sobre o assunto, tendo como objetivo melhorar a relação do homem com seu corpo e seu prazer; e não como um modismo ou mais uma cobrança de desempenho sexual.