Orientação nutricional para largar tranquilizantes

Por Danilo Baltieri

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“Este método abaixo citado em sua coluna também pode me ajudar a largar o uso de tranquilizantes? ‘Bromazepam 6mg sinto que eles estão é me acabando os nervos. De uma forma bastante geral, recomenda-se uma alimentação: a) com menos açúcares; b) com menos carboidratos refinados; c) com mais proteínas; d) com mais fibras; e) com mais gorduras saudáveis, principalmente as ricas em ômega 3; f) menos alimentos processados; g) menos cafeína.’

Resposta: A orientação nutricional, aliada à prática supervisionada de atividades físicas, pode fazer parte da ampla gama de fórmulas de tratamentos para os portadores de problemas com o uso de substâncias psicoativas. Trata-se de estratégia para instrumentalizar o portador desses problemas objetivando lidar melhor com a fissura, com a própria aparência física, autoestima e funcionamento social.

É importante ressaltar que, dependendo da condição física do portador, as orientações quanto à ingestão de proteínas, carboidratos, gorduras e fibras deverão ser individualizadas.

Você não mencionou no corpo da sua mensagem a razão ou recomendação médica para o início do consumo deste benzodiazepínico (Bromazepam). Da mesma forma, você não comentou se sente ou sentiu a necessidade de aumentar a dose para atingir os mesmos efeitos obtidos preteritamente. Outro dado importante é se você fez ou faz uso de alguma outra substância psicoativa concomitantemente. Estas três observações são importantes pelos seguintes motivos:

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a) quando foram introduzidos no mercado, acreditava-se que tais medicações benzodiazepínicas apresentavam baixo risco para induzir quadros de abuso ou de dependência. O tempo demonstrou que esta crença é falsa;

b) um dos principais sintomas de um quadro de dependência fisiológica ou mesmo de uma síndrome de dependência é a tolerância ao fármaco, ou seja, a necessidade de doses progressivamente maiores para se atingir os efeitos anteriores;

c) muitos dos indivíduos que abusam de medicações benzodiazepínicas também abusam de outras drogas. Entre dependentes de álcool etílico, estima-se uma taxa de prevalência de 30% para dependência concomitante de medicações benzodiazepínicas. As taxas de prevalência para dependência ou abuso de medicações benzodiazepínicas tendem a ser maiores entre dependentes de opioides (heroína, por exemplo), atingindo cifras de até 60%.

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Os benzodiazepínicos, como o bromazepam, clonazepam, alprazolam, diazepam, lorazepam, são medicações importantes para o manejo de diversos problemas de saúde. Tais medicações sempre devem ser prescritas por médico habilitado, com indicações precisas e claras. Tempo de uso, acompanhamento rigoroso pelo médico, avaliação dos riscos e dos benefícios, observância quanto ao risco de dependência fisiológica e da síndrome de dependência são itens básicos que merecem atenção intensa tanto dos profissionais da saúde quanto dos próprios pacientes.

Grosso modo, as principais indicações médicas para o uso das medicações benzodiazepínicas são:

a) Transtornos do sono (Insônias);
b) Transtornos de ansiedade;
c) Quadros de epilepsia.

Na maioria das ocorrências, recomenda-se que, caso um benzodiazepínico seja aventado para prescrição, seu uso seja de curta duração (entre 1 e 2 meses), enquanto outras estratégias terapêuticas farmacológicas e não farmacológicas são utilizadas e testadas. Obviamente, existem situações graves nas quais tais medicações benzodiazepínicas precisam ser mantidas por tempo prolongado; nessas condições, o seguimento médico deve ser intensivo e continuado.

Na Tabela 01, aponto os principais efeitos agudos dos benzodiazepínicos

•    Relaxamento muscular
•    Redução dos sintomas de ansiedade
•    Sonolência
•    Fala empastada
•    Prejuízo da coordenação motora
•    Lentidão do pensamento
•    Prejuízos da atenção, concentração e memória

É importante notar que os benzodiazepínicos podem diminuir a duração de uma das fases do sono (conhecida como fase REM), e provocar, em consequência, a sensação de sono não reparador.

Existem indivíduos que apresentam sintomas totalmente inversos aos mencionados na Tabela 01, fato que denominamos de reação idiossincrática. Isso significa que tais pessoas, após o uso da medicação, podem tornar-se eufóricas, agitadas ou inquietas, agressivas verbal e fisicamente. Não são situações comuns, mas podem ocorrer.

Quando o usuário mantém o consumo das medicações benzodiazepínicas por tempo prolongado (superior a 3-6 meses), sintomas outros podem surgir.

Na Tabela 02, aponto alguns deles.

Tabela 02. Sintomas do uso crônico dos benzodiazepínicos

•    Aumento da ansiedade (nervosismo)
•    Prejuízos duradouros nas habilidades cognitivas (memória, atenção, concentração)
•    Indução ou agravamento de sintomas depressivos
•    Amnésia
•    Síndrome de abstinência (quando o usuário cessa ou reduz abruptamente a dose usualmente consumida): ansiedade extrema, confusão mental, agitação psicomotora, tremores, crises convulsivas, diarreia, náuseas, vômitos, fadiga, alucinações, sensação de formigamento em pernas e braços, zumbido, sintomas semelhantes aos de um resfriado

As medicações benzodiazepínicas são efetivas, quando adequadamente prescritas e os pacientes usuários rigorosamente acompanhados. Os problemas com tais substâncias provêm realmente do seu uso prolongado.

Existem diferenciadas formas de manejo para a retirada da medicação benzodiazepínica após um uso prolongado. No entanto, não existe fórmula única nem tampouco mágica.

Vários fatores precisam ser avaliados, como por exemplo, a razão pela qual você iniciou o consumo dessa medicação. Se o uso não foi orientado por médico, a situação tende a se complicar.

Você deve procurar um médico psiquiatra e explicar todos os detalhes do seu caso. A partir disso, o médico poderá formular uma estratégia terapêutica para auxiliá-lo na redução e parada do consumo dessa substância, sempre investigando algum outro quadro médico subjacente ao uso da droga.

Você deve iniciar o tratamento e seguir adequadamente as recomendações médicas. Comumente, o tratamento é longo e demanda colaboração e paciência.

Não perca tempo!

Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um médico psiquiatra e não se caracteriza como sendo um atendimento.