por Flávio Gikovate
No final do artigo anterior (veja aqui), afirmei que o segredo do sucesso está no meio-termo.
Mas… quem suporta o meio-termo?
Como se destacar sendo uma pessoa de posses médias, com dedicação ao trabalho moderada; não particularmente gorda ou magra; não superelegante e nem supostamente malvestida; nem lindíssima e nem tida como horrorosa, segundo padrões culturais e sociais; nada egoísta, mas também não generosa?
Essa pergunta vale principalmente para as pessoas possivelmente mais antenadas – talvez por isso mesmo mais conscientes de sua insignificância cósmica, que não suportam a condição intermediária, tratada como medíocre, vazia, "pobre de espírito" e tediosa.
Essas pessoas não suportam a "mediocridade" (palavra que se origina de médio/mediano!); aceitam as dores derivadas de qualquer uma das duas opções radicais e o abandono da racionalidade em virtude do seu comprometimento com a vaidade.
Vaidade "pede" crescentes desvios do meio-termo
A vaidade, como qualquer vício, pede doses crescentes de destaque. Isso significa crescentes desvios do meio-termo, crescentes frustrações e crescente inveja dos que se dedicam ao desvio oposto. Ou seja, as pessoas não suportam o meio-termo e se afastam do pensamento lógico mais razoável apenas em virtude da ofensa que isso causa à vaidade. Mas não acho que elas encontrem satisfações mais consistentes em seus desvios radicalizadores.