por Emilce Shrividya Starling
Todos desejam paz, mas poucos sabem como obtê-la. Enquanto não nos libertarmos dos venenos da mente, não teremos paz nem felicidade.
Como disse Geshe Kelsang Gyatso no livro Budismo Moderno: "Quando nossas mentes estão calmas e em paz, somos realmente felizes, mas quando nossas mentes não estão em paz, não somos felizes, mesmo que as condições exteriores sejam perfeitas".
Mas como conseguir essa paz? O que nos impede de sermos calmos e contentes?
Segundo o Yoga, a nossa mente sofre por causa de muitos inimigos internos tais como: raiva, ódio, desejos, apego, inveja, ciúmes, avareza, orgulho, ambição, violência contra si mesmo e contra os outros.
Agora, vamos refletir sobre a raiva. Ela é uma emoção negativa que surge contra alguém ou algo que não gostamos. É um poderoso veneno da mente. Ela nos corrói por dentro. Traz sofrimento para nós e para os outros tanto no momento presente como no futuro.
Temos que entender, porém, que a raiva já está dentro de nós. É nosso maior inimigo. Não é o outro ou os acontecimentos que a provoca. Ela está guardada nos recantos escuros da nossa mente. Ela vem dos desejos insatisfeitos guardados em nossa mente.
Em nossa sociedade moderna e consumista, os desejos são considerados bons, e as pessoas querem possuir cada dia mais e mais, achando que assim serão felizes. No entanto, quanto mais alimentarmos os desejos da mente, mais ela ficará insatisfeita e infeliz. Esses desejos, nem sempre realizados, geram raiva acumulada, frustrações e infelicidade.
Para eliminar a raiva, temos que identificá-la em nossa própria mente e emoções. Não podemos reprimir a raiva, mas podemos purificá-la com sabedoria. Para realizar essa sabedoria, precisamos dissolver e pacificar as emoções negativas como o apego, desejos exagerados, depressão, tristeza, a não aceitação da vida.
Temos que nos reeducar e compreender que a raiva pode nos trazer experiências dolorosas. Ela é um veneno destrutivo que tira a tranquilidade da mente e mina a alegria. Não vale a pena guardar raiva mesmo que achemos que ela seja justificável, porque alguém nos prejudicou ou fez algo errado.
A raiva é uma emoção humana, mas assim como ela surge, deixe que ela vá embora. Não durma com raiva. Liberte-se dela em menos de cinco minutos e você estará se libertando de um grande inimigo dentro de você.
Segundo a Lei do Karma, nossos pensamentos, palavras e ações são como um bumerangue. Quando o bumerangue é atirado ele volta na mesma direção. Em nossas vidas temos que ter paciência, mesmo nos momentos difíceis, porque são as consequências de nosso karma, dos bumerangues lançados por nós mesmos. Quando compreendemos essa lei, paramos de criar sofrimento para nós.
Não adianta por a raiva para fora e sair espalhando energia negativa nos outros, pois isso voltará para nós. Se atirarmos nossa raiva adiante, vamos receber de volta mais raiva. É importante refletir nas consequências da raiva em nós e nos outros. Precisamos nos reeducar.
Um grande passo a ser dado é transcender a raiva, desenvolvendo qualidades como coragem, compaixão, perdão e bondade.
Não temos, porém, que engolir a raiva ou reprimi-la. Isso gera conflitos internos e também podem surgir brigas com as pessoas no futuro. Importante descobrir o que está causando essa raiva e conversar sem gritar e sem ofender sobre o que é justo e certo. Se 'engolirmos sapo' por covardia ou para evitar um diálogo franco, guardamos raiva e explodimos depois, causando um dano maior a nós e aos outros.
Erroneamente, muitas pessoas acham que sentir raiva lhes trará liberdade. Mas, muito pelo contrário, estão apegadas e presas ao sofrimento provocado pela raiva. Por isso, o Yoga nos ensina a romper a união com a dor e a nos libertar do apego à raiva e ao ódio.
Como já sentimos raiva e sabemos como é devastadora dentro de nós e em nossos relacionamentos, precisamos sentir compaixão pelas pessoas raivosas. Ao entender que elas não sabem quais as consequências que a raiva traz, podemos converter a emoção negativa em positiva, desenvolvendo paciência.
Isso é fácil? Não… É um processo de reeducação e purificação do ego. Precisamos cortar o veneno da raiva e um bom antídoto é a paciência. E, para cultivarmos a paciência, o melhor caminho é a contemplação e meditação.
Aprenda aqui como meditar e pacificar seu coração, e liberte-se para ser mais feliz.
Aplique os ensinamentos para melhorar um pouco cada dia. Apenas por hoje não tenha raiva. Apenas por hoje sinta mais paciência. Assim, de maneira firme e constante, fique ancorado na sabedoria e compaixão.
Namastê! Deus em mim agradece e reverencia Deus em você! Fique em paz!