por Ceres Araujo
Uma alimentação saudável, equilibrada é benéfica sempre para todos da família. Sabe-se hoje em dia, que excesso de gorduras, de farinhas, de açúcares deve ser evitado. O comer bem é necessário à saúde e a relação com a comida precisa ser prazerosa.
Findou-se o tempo, no qual gordura era sinônimo de saúde e a oferta de doces repletos de calorias significava boa hospitalidade. Hoje, as crianças ao aprenderem os cuidados com a preservação da natureza, devem também conhecer os cuidados com seu próprio organismo. Hoje, os adultos ao entenderem o valor de uma alimentação adequada para a saúde, devem respeitar as escolhas alimentares saudáveis das pessoas que os rodeiam.
Nessa época, da medicina profilática e dos diagnósticos precoces, muitas crianças sob o risco de adoecerem no futuro, precisam se submeter a restrições alimentares. Dentre elas, tem-se as crianças com diabetes, as com doença celíaca, as com incompatibilidade à lactose, as crianças com tendência à obesidade, etc. Sofrem muito seus pais frente à necessidade de negar e/ou de restringir a ingestão dos alimentos nocivos a seus filhos.
Vivemos porém em um momento, no qual as indústrias de alimentos, alertadas para as necessidades das pessoas com restrição de alimentos, estão fornecendo uma série de produtos compatíveis com as possibilidades de alimentação dessas pessoas, com rótulos adequados. Associações dos portadores de cada uma dessas restrições surgiram, se desenvolveram e se dedicam a ensinar como enfrentar a restrição alimentar sem perda na qualidade de vida, sem perda do prazer de comer.
Entretanto, a vida dos pais de crianças com restrições alimentares não se tornou mais fácil. As cantinas de várias escolas regulares, escolas de natação, balé, música, etc. estão repletas de coxinhas, empadinhas, pães de queijo, batatinhas fritas, salgadinhos, enfim, petiscos gordurosos e farinhentos. Abundam doces, balas, chocolates, muitas vezes até mesmo de qualidade duvidosa, para serem mais baratos.
Um grande número de crianças, nos dias de hoje, fazem lanche e almoçam na escola. Ainda que alguns colégios anunciem ter orientação nutricional e ofereçam cardápios alternativos para as crianças com restrições; estão bem longe de oferecer uma alimentação de fato saudável e atraente aos seus alunos. As queixas dos pais à orientação das escolas parecem inócuas frente à permanência de alimentos de baixa qualidade nutritiva e de alto teor calórico.
É absurda, e mesmo antiética, a colocação de recipientes cheios de balas nas salas de espera de academias de esportes, dança e nos consultórios médicos e clinicas para crianças. Fica difícil a vida das crianças que não podem comer de tudo, frente a essa exposição de guloseimas muito pouco saudáveis para qualquer um. E torna complicada e muito sofrida a vida dos pais que têm que impor um controle a seus filhos a despeito da oferta desrespeitosa de instituições que, ao contrário, deveriam prezar uma qualidade de vida saudável para as crianças que as frequentam.
A vida desses pais passa a ser sofrida nas reuniões familiares. Avós tendem a ter pena dos netinhos que não podem comer de tudo. Muitas vezes, dão o alimento proibido de forma escondida, criando uma situação de logro e de desonestidade que piora tudo. Outras vezes, oferecem aos netos magrinhos, quantidades enormes de balas, restringindo as mesmas guloseimas aos netos mais gordinhos. Não sabem, ou se esquecem, que as balas, açúcares puros, não são boas para ninguém, nem mesmo para os magrinhos. Bem querer, carinho e amor não podem ser comprados com doces.
As crianças, pela idade, ainda não adquiriram o controle sobre os impulsos e necessitam da ajuda de seus pais para não comer tudo o que lhes atraem. Precisam se alimentar para crescer de modo saudável e podem aprender a apreciar aquilo que podem comer. Embora seja uma tarefa árdua para os pais, cuidar da boa alimentação de seus filhos é imprescindível, principalmente em uma época de tanto consumo, na qual são ofertadas, com abundância, guloseimas que só fazem mal para a saúde.