por Blenda de Oliveira
"Eu e meu esposo discutimos muito sobre a educação de nossa filha. Ele sai do foco e começa a me acusar de tudo o que dá errado, dizendo o que devo fazer. Já me sinto cansada, estamos juntos há 7 anos, somos gênios fortes."
Resposta: Essa dissonância mais aguda, entre os pais, em relação à educação dos filhos, é um dos fatores que pode gerar importantes dificuldades na passagem de limites, na relação com autoridade e na construção da confiança e segurança dos filhos em relação aos pais.
É difícil dizer algo mais objetivo, sem saber muito como é a relação entre vocês como casal. Esse é uma aspecto bem importante para entender como se dá, entre vocês, o respeito pela posição de cada um em qualquer situação.
O que será que ocorre com seu marido que precisa acusá-la de tantos erros? Ele considera que só você é responsável pela educação da filha? O que de fato ele propõe? É desgastante manter uma diálogo norteado por acusações que envolvem, principalmente, uma criança.
Vale refletirem sobre como vocês estão vivendo a vida conjugal. Quais as insatisfações e expectativas que mudaram ou se criaram a partir da maternidade e paternidade?
Do que será que estão discutindo?
É sobre educação?
Como cada um de vocês tem cuidado do casamento? É comum usar os filhos para falar de insatisfações que se referem à vida a dois ou diz respeito a outras insatisfações.
A melhor educação que podem dar à filha é a educação que vocês próprios se dão na relação. Atitude conta mais que palavras. Os filhos aproveitam e aprendem melhor quando vivem com pais que se respeitam, que conseguem conversar de forma tranquila, mesmo que discordem sobre alguns pontos do que pretendem para os filhos. As divergências em si não são ruins, mas a forma como lidam com elas passa a ser determinante na condução de uma relação familiar saudável.
Tentem conversar quando estiverem calmos e tragam o tema da discordância e da forma como isso está sendo mostrado para sua filha.
Busquem não discutir na frente dela.
Se há interesse em permanecerem casados e estão de acordo em fazer o melhor pelos filhos, esforcem-se para encontrar momentos cada vez maiores de diálogo, troca e disposição para talvez melhorar, mudar ou agir de maneiras mais maduras e eficientes.
Se considerarem que não conseguem fazer isso por conta de vocês, busquem uma ajuda para receberem uma orientação mais focada e de acordo com a realidade de cada um de vocês.
Toda orientação para fazer sentido, precisa ser dada de acordo com o contexto e história da família que estão construindo. Entretanto, não desistam. Antes de cada um ter razão ou estar "certo", vocês têm a importante tarefa de educar e criar uma filha. Isso me parece mais valioso que qualquer disputa de força ou poder.